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Pra quem acredita que a lua-de-mel não acaba quando voltamos da viagem...

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Expectativa x Realidade

Uma vez que li a seguinte frase: "Minha especialidade na cozinha é abrir a geladeira". Me identifiquei.

                             

Eu nunca fui do tipo que queria cozinhar, que gostava de testar receitas e coisas do tipo. Sempre fui um pouco aquém do normal, inclusive. Nunca tive vontade de cozinhar e todo mundo me dizia que quando fosse necessário eu iria me virar. Eles estavam errados.

Logo que eu casei eu tinha mais tempo livre como já contei pra vocês em outro post (aqui), então de vez em quando eu me arriscava na cozinha pra preparar alguma coisa. Me lembro de ter feito macarrão na panela de pressão uma vez, um suflê de batatas uma outra vez, um fricassé de frango ainda uma outra vez. Na maioria das vezes eu fazia um pão de queijo congelado mesmo e estava tudo certo.

Mas nada se compara com a primeira vez que fui fazer arroz e feijão. Lá em casa temos costume de comer arroz integral. Eu sabia que ele demorava mais tempo pra ficar pronto do que o arroz branco. O problema é que eu não sabia direito nem o tempo do arroz branco, que dirá do integral. Terminei meu arroz e deixei de lado enquanto fazia o feijão.

Comecei pelo pânico da panela de pressão. Desnecessária aquela sensação de que a panela vai explodir e não vai sobrar nem o fogão pra contar história. Bom, eu comecei meu feijão lendo na internet a quantidade de água que deveria colocar lá dentro. Depois, deixei dar pressão. Como estava demorando muito, eu liguei pra minha mãe pra saber quanto tempo demora pra panela dar pressão. Minha mãe estava no meio de uma reunião e não conseguiu segurar a gargalhada. Tento não imaginar o que os colegas de trabalho dela pensaram de mim.

Após saber que uma hora ia dar pressão e ver a coisa toda funcionando, deu o tempo de desligar. Mandei um whatsapp para minhas amigas perguntando qual era o próximo passo. Minha amiga Titi me disse que quando ela está com tempo, ela deixa a panela terminar a pressão sozinha, mas se ela está com pressa, ela coloca embaixo da água até poder abrir a panela.

Como eu estava com medo de tudo explodir, esperei a panela terminar a pressão sozinha mesmo.

Quando o Meu Bem chegou em casa, ele ficou muito feliz, pois eu já tinha adiantado a parte dele, que é cozinhar, e assim poderíamos passar mais tempo juntos sem se preocupar com os afazeres. Foi quando servi um pouco da comida pra ele experimentar, afinal, ele deveria estar faminto depois do trabalho.

Acho que ele continuou faminto, poque não comeu muito não. Ainda me lembro da cara dele de quem está pensando em qual expressão usar para não me magoar (hahaha).

Com muita calma ele me disse que se eu deixasse o arroz cozinhar mais tempo, ele ficaria menos duro. Ele disse também que acertar o tempero do feijão e a quantidade de água pro caldo leva tempo (ou seja, meu feijão ficou aguado e salgado). Com muita sutileza ele me ensinou a usar a panela elétrica de arroz e me disse que eu poderia apenas cozinhar o feijão e deixar que ele temperasse, se eu não me importasse.

Eu não me importo.

Essa história me faz pensar em duas coisas:

-A primeira é que eu me esforcei pra fazer algo que não gosto pra poder agradar meu esposo.
-A segunda é que, mesmo não sendo bem sucedida, ele valorizou minha atitude e me ensinou como melhorar, se eu quisesse, mas nunca me obrigou a fazer aquilo que não gosto.

Quantas vezes precisamos abrir mão das nossas vontades pra deixar o outro feliz. Um relacionamento saudável não nos anula jamais, mas nos ensina a abrir mão das coisas de vez em quando.

E quantas outras vezes nós criticamos quando alguém faz algo errado e esquecemos de parar pra pensar no quanto aquela pessoa pode ter se esforçado para fazer isso.

Muitas vezes o melhor de alguém não está nem perto de nossas expectativas. Por isso precisamos colocar na balança se as nossas expectativas estão muito altas ou se a outra pessoa precisa mesmo melhorar em algo. Quem sabe ela não precisa melhorar porque ela nem mesmo precisa fazer aquilo que você estava esperando dela.

Seria muito fácil o Meu Bem criticar meu jantar porque ele cozinha muito bem. Mas seria muito fácil também eu criticar o jeito que ele guarda as roupas no armário, porque ele não é organizado, como eu.

Mas eu realmente não preciso que ele seja organizado como eu, porque eu dou conta de cuidar da roupa que é minha e que é dele. Ele também não precisa que eu cozinhe bem, ou nem mesmo que eu cozinhe, porque é algo que ele gosta de fazer e se sente realizado.

Por que a gente sempre dificulta os relacionamentos? Esperamos "azul" de quem oferece melhor o "amarelo" e queremos "amarelo" de quem tem apenas "verde" pra nos dar. Isso não é só no casamento. É na vida. E eu mesma cometo esses erros com muita frequência. Eu espero carinho e afeto de alguém que pode me oferecer apenas sua preocupação silenciosa. Espero conversas e risadas de quem pode apenas me olhar com amor e nada mais.

Será que um dia vamos aprender a esperar o melhor do outro sem que fiquemos ofendidos com o melhor que eles tem pra nós? Quando vamos aprender a não criar expectativas, não para não nos ferirmos, mas para não ferir as outras pessoas?

Se a gente se machuca ao esperar demais de alguém, o que dirá dessa pessoas que nem conseguiu entender o que você esperava dela, muito menos porquê você não aceitou aquilo que ela pôde te oferecer?

5 comentários:

  1. Melhor post na minha opinião, rs! Leio e releio com frequencia pra não cometer o erro de "esquecer" uma lição tão importante!!! Thanks Angel, nosso casamento agradece tbm haha

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    1. Kerol, fico muito feliz de ler seu comentário!!! Obrigada por me incentivar a continuar! Beijinhos

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    2. Kerol, fico muito feliz de ler seu comentário!!! Obrigada por me incentivar a continuar! Beijinhos

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  2. Primeiro você me fez rir litros, e depois quase me fez chorar por pensar no quanto nossas expectativas injustas pesam sobre as pessoas que amamos. Lindo! Amei!

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    1. Lilian, lindona! Ler algo assim vindo de você, que eu admiro MUITO, foi especial! Obrigada 💋

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