Apresentação

Pra quem acredita que a lua-de-mel não acaba quando voltamos da viagem...

sexta-feira, 25 de agosto de 2017

O Aconchego de Casa

Recentemente a Dona Moça e eu começamos (mais) uma dieta, naquele eterno espírito do "agora vai" que acompanha qualquer dieta que se preze. No final de semana, numa das etapas dessa dieta, tínhamos que beber suco. Aqueles sucos de legumes com verdura e frutas, tudo misturado. Tinha tanto suco com salsão que eu nunca mais quero ver um talo de salsão na minha frente (até a próxima coxinha de frango do Outback). 

Passamos o sábado com essa dieta líquida na casa dos meus pais. Passamos a tarde juntos (tirando um período de cochilo coletivo) e fomos embora à noite. No caminho de volta para casa, ficamos conversando sobre o que tínhamos que mudar na nossa alimentação para termos mais saúde, disposição e todos os outros objetivos de uma reeducação alimentar. Até que chegamos num ponto de discórdia. Nesse momento um dos meus maiores defeitos (ou o maior) aflorou: Eu sempre tenho que estar certo.

Não só sempre tenho que estar certo como tenho que mostrar pra todo mundo que estou certo. Inclusive estou lendo um livro novo, que comprei julgando apenas seu título: O Poder do Pensamento Matemático: A Ciência de Como Não Estar Errado. Aliado à essa minha caraterística, estava o mau humor típico de dietas, o qual creio que a Dona Moça compartilhava comigo naquele momento. A cada ponto de discórdia e a cada frase mal entendida, minha irritação foi aumentando, até que fiquei muito nervoso e usei da minha melhor arma verbal: o sarcasmo.

Todo mundo que me conhece minimamente sabe que sou irônico e sarcástico. É algo bem natural para mim brincar e fazer piadinhas usando esses recursos, mas só quem me conhece além do minimamente sabe como eu sei usar essa característica para o mal. E sem nenhuma modéstia, até porque isso não é motivo de orgulho, eu sou muito bom em fazer isso.

Na hora que eu soltei minha acidez verbal no meio da discussão, foi que virou uma briga. Ficamos um bom tempo em silêncio dentro do carro, até chegarmos em casa. Descarregamos algumas compras, guardamos tudo, subimos as escadas. Em silêncio. Fomos fazer coisas em cômodos separados. O silêncio que existia era quase fúnebre.

Durante todo esse tempo de silêncio, eu fiquei pensando no ocorrido. Percebi que, para mim, usar de ironia na hora da discussão é algo normal. É quase que um requisito de sobrevivência dentro da minha família materna. Só que para Dona Moça não funciona assim. Ela nunca conviveu com isso, então minha acidez é extremamente ofensiva pra ela. Ao chegar a essa conclusão, eu esperei.

Esperei por uns cinco ou seis minutos, até a Dona Moça vir. Eu tenho percebido um padrão em todas as vezes que a discussão fica mais séria entre a gente: Não importa o quão nervosos nós fiquemos, tudo se resolve na hora em que paramos pra conversar. Talvez seja o tempo que esfriou a cabeça, talvez seja uma interpretação melhor do que foi dito... Numa análise mais profunda, talvez seja até porque, estando em casa, nos sentimos seguros para expor qualquer sentimento. É um local de total conforto e cumplicidade. Dona Moça chegou, conversamos, expusemos nossas opiniões e nos entendemos. 

Não acho que todo casal deva ter um local para resolver problemas, mas todo mundo tem que resolver seus problemas. Também não acho que a minha casa é um local mágico para alinhar meus pensamentos aos da Dona Moça. O que eu sei é que enquanto há vontade de se entender e esforço para que isso aconteça, mil brigas nunca serão o suficiente para destruir o que foi construído num relacionamento. 

A grande conclusão de tudo isso é que eu posso estar errado, eu posso falhar: a Dona Moça sempre vai querer resolver tudo comigo. E é claro: o aconchego de casa sempre vai ajudar a resolver qualquer briga.

1 Amplexo.

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Consistência

Ontem nosso filho completou seu primeiro mês de vida. Muitas pessoas disseram pra nós que o primeiro mês era muito difícil e muito intenso. Realmente foi muito intenso: cheio de emoções, conhecendo coisas novas, se apaixonando pelo nosso filho e um pelo outro cada vez mais. Tivemos dias difíceis? Sim. Alguns dias o nenê chorou demais e demoramos pra descobrir o motivo, alguns dias ele não queria dormir e tínhamos outras atividades pra fazer que ficaram na espera, alguns dias ficamos incomodados com os pitacos e a dificuldade de conseguir fazer as coisas do nosso jeito... mas no geral, não foi um mês difícil. Intenso sim, difícil não.



Não, nós não somos perfeitos. Temos tantos defeitos que às vezes precisamos respirar fundo pra evitar uma discussão. Não, nosso filho não é perfeito. Ele é um nenê calmo e a rotina que estamos criando com ele tem nos ajudado muito. Mas desde já ele conseguiu deixar a gente de cabelo em pé algumas vezes. 

Acontece que não é sobre ter uma família perfeita, porque ninguém tem. Também não é sobre pensar positivo e só enxergar o lado bom das coisas, porque às vezes não existirão lados bons. É sobre ter segurança. Ter segurança sobre as suas escolhas para você e sua família. Segurança nas pessoas que vivem com você.

Recentemente um vídeo curtinho rodou as redes sociais. Era um rapaz falando sobre relacionamentos. Ele disse o seguinte no seu vídeo:

"Ela não se apaixonou por você porque você se lembrou do aniversário dela e porque traz flores no dia dos namorados. Ela se apaixonou por você porque quando você acordou nessa manhã, você disse 'bom dia' para ela antes de olhar seu telefone. Ela se apaixonou por você porque quando você foi a geladeira pegar algo para beber, você trouxe algo pra ela sem ela pedir. Ela se apaixonou porque quando você teve um dia maravilhoso no trabalho e ela teve um dia horrível no trabalho você não disse 'sim, sim, mas deixa eu te contar sobre o MEU dia'. Você sentou e ouviu sobre o dia horrível dela e não disse nada sobre o seu dia maravilhoso. É por isso que ela se apaixonou por você. Não posso dizer exatamente o dia que foi. Não foi uma coisa em particular, mas sim um acúmulo de pequenas coisas. Ela acordou em um dia e, como se apertasse um botão, ela descobre: 'eu o amo'. O mesmo vale para outros relacionamentos. Não se trata dos eventos. Não se trata da intensidade. É sobre consistência."

Consistência, segundo o dicionário, é um estado ou caráter daquilo que tem coerência, credibilidade, estabilidade, segurança. E, para mim, assim é a minha família. Eu e o Meu Bem construímos ao longo do tempo uma relação cheia de segurança e estabilidade emocional ao ponto que poucas situações seriam capazes de abalar essa estrutura. Isso não torna as coisas menos difíceis e nem evita as tristezas e problemas da vida. Mas isso muda a nossa forma de reagir à essas situações.

É essa consistência que me faz ter a certeza de que, se algo está me incomodando eu posso falar sem medo de gerar uma discussão ou de afastar meu esposo de mim. Por causa dessa consistência nós podemos confessar nossos erros sabendo que eles não serão motivo de discórdia numa nova discussão, porque serão perdoados e esquecidos. Por essa consistência que a intensidade do primeiro mês com um nenê não afetou nosso juízo, permitindo que fôssemos porto seguro um para o outro e que cada um tivesse sua individualidade também. Essa consistência nos permitiu errar sem julgamentos nesse primeiro mês como pais. Nos permitiu "exigir" um pouco mais do outro quando a situação estava muito difícil. 

Eu desejo essa consistência para o resto de nossa vida. Porque ela é que nos permite amar sem medo e nos entregar dentro de um casamento cheio de defeitos, mas com a vontade de sermos melhores um para o outro e, agora, também para nosso filho.

E para você eu desejo que seus relacionamentos sejam recheados de segurança e consistência. Só assim conseguiremos ser pessoas melhores para nós e para os outros.  


sexta-feira, 11 de agosto de 2017

"Felizes Como Vocês"

Eu já perdi as contas em quantos casamentos eu fui depois que comecei a namorar com a Dona Moça. A família dela é enorme (não que a minha seja pequena) e parece que um monte de gente quis casar dentro de um curto período de tempo. Não entendam isso como uma reclamação, de forma alguma! Eu gosto muito de ir a casamentos e participar da felicidade das pessoas que estão a unir suas vidas.

Esse final de semana nós fomos a um outro casamento. Dessa vez, não foi de nenhum familiar da Dona Moça. Dessa vez os noivos foram o Renan e a Roberta, sobre quem já falei nesse outro post

A Roberta é uma grande amiga minha. Sabe o tipo de amigo que fala as verdades? Aquelas que você precisa ouvir para crescer? Então, essa é ela. Estudamos juntos na faculdade desde o começo do período específico do curso (para quem não sabe, o curso de engenharia tem um período básico no início, depois especificamos o segmento), mas foi só mais para frente no curso em que realmente nos tornamos amigos. Durante a faculdade ainda, conheci o Renan numa das saídas da galera. Por ser alguém de quem minha amiga gostava e que gostava dela de volta, sempre gostei dele também.

Chegamos à igreja onde foi o casamento, no sábado à tarde. Dona Moça e eu encontramos um casal de amigos nossos e ficamos conversando do lado de fora, esperando a missa acabar para o casamento começar. Assim que deu, entramos na igreja pois estava uma friaca indescritível do lado de fora. Passado um tempo, foram dadas as instruções aos padrinhos quanto à entrada e o casamento começou.

Como em todos os casamentos que eu fui que aconteceram em igreja católica, os padrinhos ficam na plataforma, atrás do padre, olhando os noivos de frente durante a cerimônia. Embora essa posição permitiu que acompanhássemos a cerimônia de um bom ângulo, me fez perder a minha parte favorita em casamentos: Olhar a cara de besta do noivo enquanto sua amada entra. Mas, fazer o que? Nada pode ser perfeito.

O casamento foi lindo, as músicas escolhidas foram sensacionais (gente, os padrinhos entraram com o tema dos Vingadores e o pajem ao som de 007!) e, pra coroar toda a cerimônia, a Roberta cantou uma música maravilhosa ao final da cerimônia, e ela cantando é um absurdo.

Na hora dos cumprimentos aos noivos, esperamos nossa vez de abraçá-los. Quando chegamos na frente dos recém casados, escuto da noiva "Ai meu Deus! Vocês vão me fazer chorar! Estou tão feliz de ter vocês aqui! Amo tanto vocês!". Eu achei até engraçado essa fala. A Roberta não é lá muito de chorar. Nem quando ela cantou a voz pareceu embargar! Mas na hora em que nos abraçamos, os olhos dela encheram de lágrimas. Eu já tinha chorado umas várias vezes antes, então pra mim não teve novidade. Depois dos abraços, ela olha para Dona Moça e diz "Nós esperamos que nosso casamento seja tão feliz quanto é o de vocês!".

Nós ficamos sem saber o que responder na hora. Se concordássemos, ia parecer vanglória; se discordássemos, ia parecer falsa modéstia. Até o momento que eu refleti e percebi que eu podia dizer qualquer coisa, afinal, eles são meus amigos e não iam ficar me julgando, o momento dos cumprimentos passou e nós ficamos sem responder, apenas sorrimos e posamos para a foto.

Agora, depois da afobação do momento, pensei que deveria ter dito que eu também gostaria que eles fossem felizes como nós somos. Afinal, nós somos felizes, ora bolas! Não é para isso que serve um casamento? Fazer feliz a quem se ama? E por que ficar com vergonha de mostrar que se é feliz? Casamento é pra ser feliz! Se eu quisesse me estressar eu ia passar um lençol de elástico!

Um casamento feliz não é motivo para se envergonhar. Não é motivo para se gabar, nem para se achar superior a ninguém. O casamento feliz não é motivo pra nada. Para mim, um casamento feliz é o objetivo.

Se, a cada dia, o meu objetivo for fazer com que a Dona Moça seja feliz nesse casamento, terei alcançado meu objetivo. Se, a cada dia, eu demonstrar o quanto a amo, terei alcançado meu objetivo. Se, a cada dia, eu aprender um pouco com os meu erros e buscar ser um esposo melhor, terei alcançado meu objetivo. Afinal, estamos indo rumo às bodas de ouro, e 50 anos é muito tempo para não ser feliz!

E, aos recém casados, toda a felicidade do mundo! 

1 Amplexo

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Homão da p&%$#

Para quem não sabe "homão da p&%$#" (sim, o palavrão) é o título que Rodrigo Hilbert recebeu popularmente pela sua habilidade de fazer qualquer coisa. Atualmente, como apresentador de um programa de culinária, ele não apenas cozinha, mas constrói o próprio forno para assar, faz sua própria churrasqueira, caça e mata o animal que vai cozinhar (e lida com as consequências polêmicas desse episódio) e lava a louça no final. Suas habilidades estão além da área culinária, visto que sempre deixou claro que divide as tarefas domésticas com sua esposa e gosta de tirar um tempo com seus filhos gêmeos. Recentemente saiu uma nova notícia de que ele construiu para os gêmeos uma casa na árvore. Como se não bastasse, ele também faz crochê.



Alguns homens chegaram a fazer postagens cômicas sobre o rapaz, dizendo pra ele ir com calma porque era injusto com todos os outros homens. Brincadeiras à parte, Rodrigo Hilbert deu uma entrevista recentemente dizendo que não aceita o título de "homão da p&%$#" simplesmente por dividir as tarefas de casa com a esposa, cuidar dos filhos ou se dedicar à atividades manuais. Segundo ele, sua forma de criação que proporcionou todos esses conhecimentos. Cercado por mulheres, aprendeu a cozinhar, costurar, tricotar. Com seu avô, aprendeu os primeiros ofícios, como de ferreiro, marceneiro, entre outros. 

Em sua entrevista, Rodrigo Hilbert ainda diz que o "homão da p&%$#" deveria ser o homem moderno, já que hoje é muito mais comum que os homens estejam se dedicando à diversas atividades antes consideradas femininas.

Como vocês sabem, recentemente nasceu meu filho, Giovanni. Ele nasceu numa segunda-feira e o Meu Bem pôde ficar comigo durante os 5 dias de licença paternidade mais os 2 dias do fim de semana. Nessa semana que ficamos juntos, o Meu Bem cuidou de tudo para que eu pudesse descansar, afinal, eu tinha acabado de passar por uma cirurgia, visto que meu parto foi uma cesárea, às 40 semanas e 2 dias de gestação. E não é uma cirurgia pequena.

Aos que não sabem, sete camadas do nosso corpo são cortadas e costuradas. A quantidade de sangue que se perde na cirurgia é grande, além do sangue que continuamos perdendo durante mais alguns dias. Para muitas mulheres a primeira vez que se levantam após uma cesárea pode gerar tontura e até desmaios. Muitas mulheres andam curvadas por algum tempo devido às dores e ardência no corte.

Para mim não foi tão traumático assim. Minha recuperação tem sido bem rápida, mas na primeira semana eu estava muito cansada, com muita dificuldade para levantar, sentar, deitar. A dor e ardência no corte era grande. Portanto, eu precisava de ajuda para fazer qualquer coisa. Depois de 2 dias no hospital nós voltamos para nossa casa. Embora nossa família se colocou à disposição de nos ajudar, aquele era nosso momento e a gente queria viver aquilo juntos. O Meu Bem, então, cozinhou, lavou louça, limpou a casa, me ajudava a sentar e levantar todas as vezes, pegava o nenê no berço para eu pudesse amamentar, colocava novamente no berço após as mamadas. Todos os dias ele se dedica a dar o banho no nosso filho e esse momento é só deles dois e mais ninguém. Em todos os momentos que eu levantava pela noite, o Meu Bem levantava junto. Nas horas que passamos acordados, estávamos juntos. Em alguns momentos nós fizemos revezamento (um dorme e o outro olha o nenê). Nos momentos que eu estava mais exausta e com dor, ele ficava com o nenê e me ajudava a voltar pra cama, afinal, eu tinha acabado de fazer uma cirurgia. Todos os dias preparou café da manhã reforçado e na primeira crise longa de choro do bebê, que eu também chorei, Meu Bem, então, passou horas segurando o nenê na poltrona pra eu pudesse me acalmar e descansar.

Na segunda-feira seguinte, quando ele voltou ao trabalho, era nítido o quanto ele estava arrasado por ficar longe de nós. Eu me surpreendi quando ele me mandou uma mensagem dizendo que tinha colocado uma foto do nenê no fundo de tela do celular, porque desde conheço o Fellipe, ele nunca usou fotos no fundo de tela do celular (ele acha bobagem). Na hora do almoço ele me mandou uma mensagem dizendo que tinha decido almoçar sozinho naquele dia, só pra passar um tempo olhando as fotos do nenê e chorando de saudade. 

De verdade, se isso não é um "homão da p&%$#" eu não sei o que poderia ser! Eu nunca vi o Meu Bem montar seu próprio forno de pizza ou fazer crochê, mas isso não o torna menos "homão" pra mim.

Quando a gente olha alguém como o Rodrigo Hilbert, temos a tendência de idealizar um ser humano sem defeitos, mas a realidade é que apenas as qualidades dele é que são exaltadas. Quantas de nós, esposas/noivas/namoradas, temos ao nosso lado um "homão" e não nos damos conta disso? Quantas vezes focamos naquilo que gostaríamos que nosso cônjuge fizesse, ao invés de focar naquilo que ele faz (e faz bem, e faz com carinho e dedicação!)?

Pode ser que o seu cônjuge não saiba cozinhar ou que nunca tenha lavado um banheiro, mas ponha na ponta do lápis tudo o que ele é capaz de fazer por você e sua família e veja se você realmente não tem um homão do seu lado!

Para você que é homem, acho que ficou muito claro algumas das coisas que fazem uma esposa admirar seu esposo. Não é preciso ir muito além, não é preciso ter muito dinheiro ou ser muito criativo. Sempre que você faz sua parte, dividindo as tarefas que são obrigação dos dois, você está aliviando o fardo da sua esposa e mostrando a ela que você reconhece sua responsabilidade em casa. O que custa pra você se tornar um homão também?

Que saibamos reconhecer aquilo que nosso cônjuge tem de melhor e faz de melhor pra nós.