Apresentação

Pra quem acredita que a lua-de-mel não acaba quando voltamos da viagem...

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Na alegria e na dieta

Eu gosto de comer. Muito. Prefiro comer a dormir. Se fosse possível eu trocava todas as horas de sono por horas de alimentação. Ainda bem que isso não é possível!

Devido a esse meu imenso apreço que tenho por alimentos, apreço tal que cultivei durante toda a minha vida, de vez em quando é inevitável pensar em dieta. Quem vive acima do peso sabe que poucas coisas na vida são piores que dieta. Mas, por ter um benefício futuro, a gente ainda tenta. 

Dona Moça e eu estamos numa dessas tentativas. Tentando comer menos, evitar comer de noite... Várias das minhas noites nas últimas semanas tem sido sustentadas por suco de legumes com folhas que, honestamente, são bem melhores do que eu esperava. O problema é que, mesmo não sendo tão ruim assim, ainda não é comida. Ainda não há aquela sensação maravilhosa da mastigação, enquanto os carboidratos enchem o estômago e preenchem a alma com alegria. Enfim... Todos os dias em que tomávamos o suco, eu tinha que focar que o resultado era bom no futuro. Todos os dias, exceto um.

Todo dia 26, Dona Moça e eu temos algo a comemorar. Afinal, nós casamos no dia 26 de junho. Então todo dia 26, damos uma pausa na dieta. Uma pausa gloriosa. Uma pausa no suco para a entrada da maravilhosa, inenarrável e única: 



Dona Moça e eu somos ALUCINADOS por coxinha. Coxinha é vida! Coxinha é amor! Então, fizemos essa pequena tradição em nossa recém-nascida vida de casados. E essa tradição é algo que eu gostaria de manter o resto da vida. Por dois motivos:

Primeiro: Quaisquer circunstâncias, por menores que sejam, podem resultar em um momento de alegria. E não, não estou falando da alegria que a coxinha traz. Estou falando de, mês a mês, relembrar do dia mais feliz da minha vida. Estou falando de todo mês lembrar do dia que eu decidi que, dali em diante, eu seria sempre da Dona Moça, e ela seria sempre minha.

Segundo: É legal fazer as coisas escondidos, só que juntos. Comer coxinha não é exatamente o melhor pra dieta, mas é legal fazermos juntos. Aliás, o melhor é fazermos juntos. Eu passo em frente a três padarias na volta do trabalho pra casa, comer coxinha pra mim é a coisa mais fácil do mundo. Mas qual seria a graça dos bons momentos se eles não fossem compartilhados? Qual seria a graça de um casamento que não tivesse cumplicidade?

Mais importante que qualquer escapada da dieta, é estarmos sempre juntos. Não importa se nos momentos bons ou ruins, o importante é ficar ao lado, ser suporte um do outro. Não quero passar a impressão que somos perfeitos, que não brigamos e que tudo são flores. Já discutimos, já discordamos... Nós sabemos os nossos defeitos, tanto os próprios quanto os do outro. O ponto é que, mesmo no momento quando estou mostrando meus defeitos, a Dona Moça está do meu lado. Claro, a recíproca não poderia ser menos verdadeira.

A cumplicidade dentro de um relacionamento não deve somente existir nos momentos em que está tudo em paz. Afinal, quando naquele dia 26 de junho eu aceitei a Dona Moça pra ser minha companheira da vida, eu não aceitei só pelas qualidades dela, e nem ela só pelas minhas, mas aceitamos um ao outro pois sabemos que nenhum defeito, dela ou meu, é grande o suficiente para acabar com a nossa cumplicidade. Nós estamos sempre juntos. Nas horas boas e nas ruins, na coxinha e na dieta, até a eternidade. 

1 Amplexo!

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

O que só eu posso ver

Meu Bem sempre foi uma pessoa séria, mas quem o conhece de verdade, sabe que é só uma carcaça.



Quando começamos a namorar, algumas pessoas vieram me contar "coisas" que haviam descoberto sobre o Fellipe. Algumas pessoas me falaram coisas terríveis sobre ele. Me contaram sobre características horrorosas, de espantar qualquer garota.

Mas quando eu estava com ele, eu não enxergava aquilo que me falavam. Eu via um rapaz amável e cuidador. Alguém que se importou em fazer uma surpresa toda especial para me pedir em namoro (leia aqui). Ele era um namorado que, durante o primeiro mês inteiro de namoro, me trazia alguma guloseima sempre que ia me encontrar. E ele só parou porque eu pedi, já que estava engordando bastante rsrs...

Desde que começamos a namorar até o casamento eu pude contar nos dedos de apenas uma mão as vezes que eu precisei utilizar um transporte público, porque ele me levava e buscava onde quer que fosse, seja médico, passeio, igreja... Quando ele não podia ir, ele deixava o carro comigo para eu não precisar ficar desconfortável.

Ele foi o tipo de namorado que planejava surpresas, que prestava atenção no que eu dizia e realizava tempos depois, quando eu nem desconfiava. Ele me respeitou, nunca gritou comigo, ia ao hospital quando eu passava mal e ficava do meu lado quando eu estava de cama. Certa vez a gente saiu para caminhar e eu passei mal. Comecei a vomitar no meio do caminho. Então, ele segurou meu cabelo para não sujar e me trouxe de volta pra casa porque eu estava fraca. Nunca imaginei que um namorado ia me ver vomitar e, em vez de fugir, ia segurar meu cabelo.

Era esse Fellipe que eu conhecia, que eu enxergava e que eu amava. Ele não era nada daquilo que algumas pessoas tinham me falado, e que havia me ferido profundamente (e não somente a mim, com certeza).

Quando nós nos casamos, o Meu Bem escreveu os votos dele e eu escrevi os meus. Eu falei primeiro, toda romântica. Mas na vez dele, eu descobri que os votos dele eram cheios de piadinhas e tiradas de sarro, típico do Meu Bem, que gosta de ser engraçadinho também.

Depois que nós vimos o DVD do casamento, eu disse para ele que não era bem esse tipo de voto que eu esperava que ele fizesse. E entre algumas brincadeiras, ele me perguntou se eu tinha ficado chateada de verdade.

Eu não fiquei chateada. Eu sei que ele é desse tipo, brincalhão. Mas eu disse para ele que, na verdade, eu esperava que aquele fosse o momento que todo mundo enxergasse o Fellipe que eu enxergo. Que todo mundo soubesse que ele era totalmente o contrário de todas aquelas coisas que me contaram sobre ele. Mesmo que essas coisas tivessem sido ditas da boca pra fora, por dor de cotovelo ou por fofocas... ou até mesmo porque alguma atitude imatura da adolescência dele pudesse ter deixado essa impressão. Mas ele não era realmente aquilo. Ele era uma das melhores pessoas que eu já havia conhecido na vida. Ele era muito cristão e ele havia me ajudado a ser uma pessoa melhor naquilo que eu tinha dificuldade. Ele me ajudou a entender o processo do perdão e a deixar pra lá algumas situações antigas que me magoavam. Ele era realmente alguém muito melhor do que qualquer coisa que já tivessem me contado sobre ele, até mesmo as coisas boas. Ele era muito melhor que as melhores coisas que ouvi sobre ele. Mas eu sabia que haviam coisas sobre ele que só eu enxergava e eu queria que todos enxergassem também.

Naquele dia ele me pediu desculpas por não ter tido a sensibilidade de perceber o quanto isso era realmente importante pra mim, já que ele não se importava com o que as pessoas falavam sobre ele.
Hoje, com quase 2 anos de casamento e um pouco de experiência adquirida, e um pouco mais de maturidade também, eu finalmente consegui entender que os votos do Fellipe mostraram quem ele é realmente. Ele é brincalhão, sarrista e sarcástico... ele é isso para todas as pessoas. 

Mas existe uma parte dele que as pessoas não conhecem, e mesmo que ele dissesse tudo isso nos votos dele, as pessoas continuariam não conhecendo. Porque algumas coisas tem significado apenas para nós. E algumas situações, apenas nós dois vivemos e somente nós dois podemos ter sentimentos profundos sobre aquele momento. 

Hoje eu percebi que, por mais que eu queira que todas as pessoas vejam o Meu Bem do jeito que eu enxergo, isso seria impossível. Porque somente os meus olhos veem certas coisas e somente meu coração se enche de amor por algumas coisas. Acho que ninguém conseguiria entender o que ele significa para mim. E hoje eu acho melhor assim. Porque aquilo que vivemos juntos, somente nós dois podemos quantificar e compreender.

Existe uma música que eu gosto muito, e é uma das declarações mais lindas que eu já ouvi. Ela se chama "If they could see you through my eyes" (Se eles pudessem vê-la através dos meus olhos). 
Quem canta essa música é o pianista Gordon Mote. Ele é cego e canta essa música para sua esposa. A letra diz que as pessoas acham sua esposa linda, mas que se as pessoas pudessem vê-la através dos olhos dele, veriam que a verdadeira beleza está em quem ela é.

Pare um pouco no dia de hoje para olhar para o seu cônjuge da forma que você olhava quando se apaixonaram. Enxergue o melhor que ele tem e saiba que, se mais ninguém enxergar isso nele, você é quem sempre deverá enxergar beleza nele e no que vocês vivem juntos. 

Vou deixar para vocês o vídeo da música que falei e a tradução da letra.



Todos me dizem como você é linda
E que um homem de sorte eu sou
Embora todos eles possam ver a forma como você olha para mim
Eles não podiam vê-la como eu posso

Refrão:
Se eles pudessem vê-la através dos meus olhos
Eles saberiam que a verdadeira beleza está
Dentro de seu coração
Quem você realmente é
Se eles pudessem vê-la através dos meus olhos

Só o que eu tenho a fazer é tocar suavemente seu rosto
Baby, eu posso dizer muito
Embora eu nunca verei a maneira como você olha para mim
Eu sei que sou sortudo

No silêncio da noite
Quando eu te abraçar
Eu posso sentir o quão brilhante você é

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Remedinho

Tenho uma prima, que é nossa madrinha de casamento, que não é lá a menininha mais fofa do mundo. Não me entendam mal, ela é uma pessoa maravilhosa e nós somos muito próximos (afinal, ela é nossa madrinha), mas ela não é daquelas mocinhas delicadas. Ela é bem direta quando fala e não gosta muito de frufrus. 

Uma vez estávamos na casa dela, conversando sobre casais e relacionamentos, e ela disse "Eu me irrito muito com casais que ficam se tratando no diminutivo... Amorzinho, lindinho... Me irrita muito".

Nessa hora eu olhei pra Dona Moça, Dona Moça olhou pra mim... E caímos na risada. Desde sempre nós nos tratamos no diminutivo! "Logo vocês, dessa altura toda!", foi o único comentário da minha prima. 

No começo do namoro, nos chamávamos de "lindinho" e "lindinha". Naquela época do namoro em que ninguém tinha falado "Eu te amo" ainda, e não dava pra chamar de "Mor". Esse apelido carinhoso perdura até hoje, adicionado de mais alguns. 

Dentre esses apelidos que recebi, tem um que gosto muito: Remedinho


Sempre gostei da Dona Moça me chamando desse jeito. Na primeira vez que ela me chamou assim, explicou que era porque eu a fazia sentir-se bem quando estava passando por um momento ruim. Sabendo disso, ela fez questão de colocar esse apelido nos votos dela, que são os que transcrevo a seguir:

Sempre sonhei com um príncipe pra mim. 
Quem me conhece sabe que sempre fui romântica. Tudo me emociona! 
Dou risada com facilidade, assim como também choro.
Quando pedi meu príncipe para Deus, eu não imaginei que Ele ia me abençoar tanto,
Me dando uma pessoa que combina tanto comigo!

Você é meu presente de Deus: amoroso, companheiro, romântico, meu remedinho, muito mais do que imaginei para mim.
O que mais quero é te fazer feliz! Sempre manter esse sorriso lindo em seu rosto!



Prometo que tudo que estiver ao meu alcance farei para sua felicidade! Me comprometo em fazer a caminhada da vida ao seu lado, junto de Deus, te amando, te respeitando e sendo sempre fiel até a eternidade! Amo você!!

Recentemente, por causa desse apelido, incluímos mais uma música na playlist das nossas músicas românticas. Remedy, da Adele fala exatamente isso.

Esse remedinho que Dona Moça e eu sempre tentamos ser um para o outro é um fator preponderante no sucesso que pretendemos alcançar em nosso relacionamento. É maravilhoso ter alguém que queira cuidar de você pelo resto da vida! Mas tem algo que ouvi em vários sermões de casamentos que levo muito a sério: O objetivo do casamento é fazer o outro feliz. Pelo que vejo na Dona Moça nesse tempo que estamos juntos, ela também leva isso muito a sério. A beleza desse conceito é que, ao nos esforçarmos para trazer felicidade a quem amamos, não há como não nos tornarmos felizes nós mesmos! Afora a sensação de bem estar que todos tem ao fazer algo de bom para outros, a felicidade da pessoa amada enche o coração de alegria. Nada me faz mais feliz que a felicidade da Dona Moça e de outras pessoas que também me são queridas.

Me esforço para que, diariamente, eu possa trazer felicidade para minha esposa. Que eu possa, até o fim da vida, ser o remedinho que ela precisa.

 1 Amplexo!

PS: Caso você não conheça a música da Adele, clique aqui.

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

A culpa é das mulheres

Acredito que todos os leitores do blog sabem que somos religiosos. Tanto eu e o Meu Bem, como o Thiago e a Dona Moça.
Bom, há alguns anos fiz um curto sermão para jovens e hoje eu gostaria de escrever sobre o que eu falei naquele dia.



Não é necessariamente um conselho conjugal ou algo muito romântico. Na verdade, é muito voltado para as mulheres. Mas um homem sábio vai ter interesse em ler para entender um pouquinho mais sobre o mundo das mulheres.

Na bíblia existem diversas mulheres em quem podemos nos apegar nos diferentes momentos da vida.
Quando falamos de coragem pensamos na rainha Ester; quando pensamos em romance, lembramos de Rute; quando nos inspiramos na maternidade temos Ana, Sara e Maria, mãe de Jesus; quando estamos preocupadas demais com os afazeres domésticos, lembramos de Marta; quando ajudamos ao próximo, nos espelhamos em Dorcas... 

A lista poderia ser imensa, mas uma das mulheres que pouco ouvimos falar fora de seu contexto é a primeira de todas, Eva. Parece que ela não é um bom exemplo e nem mesmo uma mulher a quem devemos nos espelhar, afinal, ela tinha tudo de mais perfeito e acabou estrango tudo para todos nós. Mas vamos nos colocar um pouco no lugar de Eva e entender qual a semelhança que temos com ela e o que isso tem a ver com o nosso casamento.

Imagine como Eva era linda. Para começar, nunca precisou se preocupar com dieta. Não tinha que se preocupar em fazer compras, porque tinha tudo ao seu alcance. Não tinha que procurar onde vendia alimentos orgânicos. Em nenhum momento precisou pedir para seu marido levar o lixo pra fora de casa. Sua casa era planejada e mobiliada pelo próprio Deus. Ela nunca precisou passar protetor solar no rosto pra evitar as manchas. Maquiagem era totalmente inútil: nada a deixaria mais bonita do que já era. Nunca teve DR com Adão, seu casamento foi o mais bonito de todos e não custou nenhum centavo. Não faltava tempo pra fazer seu culto, ou para colocar a mesa e fazer uma refeição com seu marido. Sua vida era uma comercial de margarina. Tudo era como deveria ser.

Acontece que, após o pecado, Eva descobriu coisas e sentimentos que ela não imaginava existir. Ela viu seu esposo suar de tanto cansaço. Sentiu dores fortes no parto. Viveu com esperanças de que um de seus filhos fosse o Salvador, mas no final das contas, experimentou a dor terrível de um ter um filho assassinado, sendo o outro o assassino. Eva viu as folhas caindo, as flores murchando, os animais morrendo. Sua primeira discussão com seu esposo foi ainda no Éden, quando Adão não quis assumir que havia escolhido pecar tanto quanto ela.

Todo o seu mundo, seu casamento, seus sonhos e esperanças tinham desmoronado.

Eva descobriu que sentia culpa. Culpa pelo pecado, culpa por ter dado o fruto ao seu esposo, culpa por se esconder de Deus e culpa por tudo de errado que estava acontecendo.

De todas as mulheres da bíblia, Eva é uma das que mais podemos nos comparar. Qual foi a mulher que nunca sentiu culpa?

A mulher que volta a trabalhar depois da licença maternidade sente culpa por deixar seu bebê. A que não volta a trabalhar, sente culpa por deixar sua carreira. A mulher que trabalha o dia inteiro e não tem quem limpe sua casa sente culpa por não dar conta de tudo; aquela que está cansada depois de uma semana de trabalho, aquela que discutiu com o esposo, aquela que gastou demais com uma roupa, aquela que não comprou nada...

Infelizmente parece que Eva deixou uma herança muito maior do que pensávamos. Inúmeras vezes colocamos sobre nós uma culpa maior do que existe. Temos a tendência de carregar em nossos ombros tudo o que deu errado nos nossos sonhos. Como se qualquer vírgula nas nossas atitudes pudesse modificar o desfecho dos acontecimentos.

Mas hoje eu digo para você que é mulher, esposa, mãe, noiva... nem tudo é culpa sua! Tire dos seus ombros a culpa que você sente e não te pertence. Coloque seus joelhos no chão e peça a Deus que alivie suas cargas, que te perdoe dos seus erros e te ajude a não se culpar pelo que você não errou. Peça também que Deus lhe ajude a perdoar as pessoas a quem você pode vir a culpar. Que Deus lhe ajude a perdoar seu esposo, se foi ele quem culpou você, assim como Adão culpou Eva no jardim do Éden.

Somente Deus pode te dar uma vida mais leve e livre de culpas. E, somente com uma vida mais leve, você poderá valorizar e aproveitar cada momento do seu casamento, começar de novo, voltar ao sentimento de "lua-de-mel", apaixonar-se novamente pelo seu cônjuge e viver o que Deus sonhou para o seu casamento.