Apresentação

Pra quem acredita que a lua-de-mel não acaba quando voltamos da viagem...

sexta-feira, 31 de março de 2017

Segure minha mão

Quantas vezes já me perguntei se deveria seguir ou não com o blog. 
Se, ao escrever aqui as nossas experiencias, eu não exponho demais as nossas fragilidades.
Nem sempre sou capaz de colocar em palavras aquilo que meu coração deseja dizer.
Existem dias que, simplesmente, eu não quero dizer nada.
Ou que eu deveria dizer apenas para mim mesma.



Hoje eu não trago nenhuma experiência. Nenhuma lição. 
Depois de uma semana intensa e muito difícil para mim (uma das mais difíceis nos últimos meses), escrevi algo que, provavelmente, somente meu esposo vai entender completamente.
Escrevi para ele a nossa vida. Esses quase cinco anos juntos.
E sei que ele vai entender tudo o que está atrás dessas palavras.
Ele vai saber todas as palavras escondidas atrás desse texto.
Ele vai lembrar de todos os momentos, sorrisos e lágrimas por trás dessas estrofes.

Mas eu quis compartilhar com você, leitor do blog, porque às vezes, tudo o que a gente precisa é lembrar de tudo o que já viveu e projetar o que ainda virá.

Para o Meu Bem, com todo o amor do mundo:


Segure minha mão
Ande ao meu lado
Veja o horizonte
Sonhe comigo

Segure minha mão
Sinta a pulsação
Acaricie meu braço
Caiba em meu colo

Segure minha mão
Receba meu abraço
Afague meu cabelo
Chore em meu ombro

Segure minha mão
Respire fundo
Um passo de cada vez
Eu vou contigo

Segure minha mão
Ajoelhe comigo
Descanse em meu amor
Eu carrego tuas cargas

Segure minha mão
Cante comigo
Ria bem alto
Um dia de cada vez

Segure minha mão
Aperte-a forte
Me traga para perto
Nunca vou te deixar

Segure minha mão
O caminho é longo
Vamos juntos
Não veremos o tempo passar

Segure minha mão
Eu seguro teu coração
Aguente firme
Nós somos pra sempre.


Com amor,

De quem nunca se arrependeu de nada (até dos momentos difíceis), desde o dia que você entrou na minha vida.

Eu viveria tudo outra vez!





sexta-feira, 24 de março de 2017

A melhor coisa que existe

No período da minha faculdade eu conheci muita gente boa. Algumas amizades foram formadas nessa época da minha vida e boa parte delas ficou só naquele tempo mesmo. Mas, como não podia deixar de ser, há aqueles melhores amigos, com os quais mantenho contato até hoje.

Desses amigos de faculdade que eu mantenho contato, existem dois que são os mais próximos. Eles foram meus padrinhos de casamento e conversamos quase que diariamente, graças aos maravilhosos (nem sempre tão maravilhosos assim) grupos de WhatsApp. Compartilhamos uns com os outros algumas alegrias, algumas tristezas e várias, mas vááááárias piadinhas nerds, que só a gente acha graça.

Na semana passada foi aniversário de um desses amigos que, para facilitar (e tirar um pouco com a cara dele), chamaremos de Xandinho (só porque o Xandinho detesta ser chamado de Xandinho). O Xandinho havia começado a namorar recentemente e a namorada dele quis fazer uma festa surpresa para o aniversário dele. Eu ainda não a conhecia, mas como ela já sabia que eu era amigo do Xandinho, ela me adicionou no Facebook e me chamou para fazer parte da surpresa. Sendo assim, no sábado a noite passado fomos, Dona Moça e eu, à festa surpresa do Xandinho.

Depois de um ~pequeno~ atraso do Xandinho e de toda a comoção da surpresa e tudo mais, estávamos todos conversando e eu estava com a minha atenção direcionada só para o Xandinho quando, de repente, eu escuto a risada da Dona Moça. Quem conhece a Dona Moça sabe que ela é uma pessoa tímida e faz o máximo para não chamar a atenção; mas quando ela ri, mas ri de verdade mesmo, não dá pra não escutar.

Virei pra Dona Moça, dei uma risadinha do riso dela e ela me explicou que estava rindo de uma história que a namorada do Xandinho a contou. A história era hilária mesmo; e a namorada do Xandinho é uma pessoa muito engraçada. 

E como eu gosto da risada da Dona Moça. Acho que eu nunca tinha gostado tanto de uma risada quanto eu gosto da dela. Nem a minha risada (que dizem que é meio escandalosa, mas eu discordo) me deixa tão feliz.  No dia do aniversário do Xandinho, foi muito bom vê-la rindo pois vi que ela estava a vontade em um círculo de pessoas que eram, inicialmente, meus amigos.

Eu sei que, no frigir dos ovos, estou repetindo o assunto do meu último texto, de duas semanas atrás. "O casamento deve ser uma busca constante da felicidade do outro". Bom, se essa busca deve ser constante, por que não falar dela constantemente? Afinal, eu passo todos os meus dias com a Dona Moça. Sendo assim, essa busca por fazê-la feliz, por fazer com que ela dê umas boas risadas, deve ser diária também.

A felicidade não é feita por fatos pontuais, por momentos que, melhores que sejam, passam num piscar de olhos. E ainda bem por isso! Se a felicidade dependesse do saldo comparativo entre momentos alegres e momentos tristes, não ia ter muita gente feliz no mundo não. Na minha concepção, a felicidade é, em boa parte, uma questão de decisão. É saber aproveitar os bons momentos, que passam rápido demais, sem esquecer que os maus momentos vão passar também. E, de momento em momento, aproveitar a vida na família que, juntamente com a Dona Moça, constituí.

Que fique claro, todos nós temos direito a momentos de tristezas, de ficarmos pra baixo por algum tempo devido à situações sobre as quais, muitas vezes, não temos nenhum controle. Mas vale lembrar que, boa parte do "ser feliz" vem do "fazer feliz". E, como canta uma prima minha, em sua inocente sabedoria infantil:

É melhor ser feliz do que ser triste. Ser feliz é a melhor coisa que existe.




1 Amplexo. 



sexta-feira, 17 de março de 2017

Nudez e sexo

Sempre quis escrever sobre esse assunto, mas nunca soube exatamente qual aspecto eu iria abordar. Até que recebi uma frase que fez muito sentido para mim e, ao longo do texto, vou contar para vocês.



Eu e o Meu Bem tínhamos um propósito quando éramos solteiros. Tínhamos o desejo de nos guardar fisicamente para a pessoa que seria nossa companheira para o resto da vida.

Não é uma escolha simples. Qualquer escolha que fazemos resulta em renúncias também. Ao escolhermos manter a castidade e nos casarmos virgens, tivemos que lidar com várias coisas ao longo do caminho. Desde piadas até a falta de respeito durante relacionamentos anteriores.

Eu me lembro que o Meu Bem tinha um colega que respeitava, mas não entendia. Ele costumava perguntar: "Fe, se você e sua namorada não transam, o que vocês fazem?". Calmamente o Meu Bem explicava para ele: 

-Você vai ao cinema com sua namorada?
-Sim.
-Você vai ao teatro com ela?
-Sim.
-Vocês jantam fora de vez em quando?
-Sim.
-Vocês já viajaram juntos?
-Sim.
-Já fizeram um piquenique no parque?
-Sim.
-Então, eu faço tudo isso com minha namorada também. Um relacionamento não é feito só de sexo.
-Ahhh...

Nós tomamos essa decisão antes mesmo de pensarmos em namorar um com o outro. Foi uma decisão individual. Nós acreditávamos que dessa forma poderíamos construir um relacionamento com outra base, algo mais profundo. Queríamos basear nosso relacionamento nas conversas que teríamos e na racionalidade para resolver problemas. Além disso, queríamos evitar desconfortos emocionais maiores, caso o relacionamento não fosse adiante. Quando terminamos um relacionamento, costumamos nos arrepender de tantas coisas, que não queríamos ter que nos arrepender de algo que deveria ser a ligação física mais profunda entre um casal. 

De qualquer forma, nós conseguimos manter esse desejo até o casamento, para enfim seguirmos o curso natural do nosso relacionamento. Finalmente estávamos num estágio do nosso relacionamento onde sentíamos total segurança para que isso acontecesse. Tínhamos aprendido a conversar, resolver nossos problemas de forma calma, nos reconciliar depois das tempestades, colocar a necessidade do outro acima da nossa. Não havia motivo para medo, insegurança, vergonha ou embaraço. 

Esses dias eu e Meu Bem estávamos pensando o que faríamos de diferente se fôssemos nos casar novamente. Várias ideias foram surgindo. Coisas engraçadas, piadas que hoje existem entre nós... talvez não seria uma cerimônia tão séria.

Chegamos a conclusão que esse casamento novo seria exatamente para quem nós somos hoje. E essas duas pessoas são completamente diferentes de quem nós éramos há 2 anos atrás. 

Na época que nos casamos existia amizade, cumplicidade, companheirismo e algumas piadas só nossas. Mas hoje isso é completamente diferente. Concluímos que o sexo é responsável por grande parte disso. Acreditamos piamente que o sexo nos uniu ainda mais. Nos desmascarou um pouco mais e nos ensinou a ver as coisas de outra forma. Foi uma experiência única como casal e como indivíduos. Aprendemos e temos aprendido ainda. 

Não existe uma regra, como se apenas os casais que se casam virgens conseguissem construir esse tipo de relacionamento. Todo casal pode viver esse tipo de experiência. Mas para nós dois não teria funcionado se não tivéssemos aguardado esse momento. Não teríamos sido transformados como casal. E, certamente, pela importância que colocamos no relacionamento sexual como forma de unir ainda mais um casal, é que essa decisão teve tanto impacto.

Tudo isso que escrevi foi, na verdade, para dizer que a nudez do sexo não é, não deve e não pode ser, a mais importante dentro de um casamento. Como eu disse, não é porque um casal viveu suas experiências sexuais antes de se casarem,  ou com outras pessoas, que o casamento delas está fadado ao fracasso.

A nudez mais importante dentro de um casamento é a nudez da alma, dos sentimentos e da realidade vivida. 

A frase que eu li e disse que contaria ao longo do texto é a seguinte:

"É fácil tirar a roupa e fazer sexo. As pessoas fazem isso o tempo todo. Mas abrir a sua alma para alguém, os seus pensamentos, medos, esperanças e sonhos... isso que é estar nu"

Essa frase me fez pensar ainda mais sobre a convivência e o relacionamento após o casamento. Juntos nós descobrimos o sexo, mas também a nudez. Após o casamento é que descobrimos as fraquezas um do outro, os medos mais profundo, as intimidades, aquilo que poderia até nos envergonhar. E aprendemos a dividir e respeitar essas diferenças, além de confiar um no outro sobre coisas tão pessoais.

Se você teve a oportunidade de fazer um voto e esperar até o casamento para descobrir o sexo, posso garantir que você colherá frutos incríveis dessa decisão. Se você não teve essa oportunidade ou não quis fazer essa escolha, eu não tenho experiência para te falar sobre essa relação, mas saiba que, com certeza, a maior nudez é a de sentimentos. E é nessa que qualquer casal deve insistir, deve buscar, deve se despir e, dessa forma, se entregar completamente.

Apenas quando confiamos cegamente no nosso cônjuge é que nosso relacionamento pode crescer. Casamento com desconfianças e segredos uma hora se desgasta e se acaba. 
Aprenda a desfrutar da maior e melhor nudez entre duas pessoas: a confiança. 

sexta-feira, 10 de março de 2017

Lavando a roupa suja

Ser professor não é lá a pior coisa do mundo. Quer dizer, pra quem é professor sem gostar de sê-lo, deve ser um problema e tanto. Esse não é o meu caso; gosto bastante da minha profissão. Como já ouvi dizer por aí, "tem gente que nasce professor".

Uma das vantagens que minha profissão acarreta é a possibilidade de dias de folga, dependendo do seu horário como professor aulista. Até ano passado, eu não usufruía dessa vantagem; já esse ano, em compensação... Tenho uma tarde mais um dia inteiro sem aulas. Claro, professor tem que trabalhar em casa, alguns dirão. Sim, é verdade, mas já que eu teria que trabalhar em casa de qualquer forma, melhor quando tenho um dia inteiro (e uma tarde) para isso.

Quando eu era adolescente, meus pais trabalhavam o dia inteiro fora de casa. Sendo assim, deixar a casa em ordem era responsabilidade do meu irmão e minha. Como sempre disse minha mãe, "Quem está em casa tem que deixar a casa em ordem pra quem vai chegar.". Essa frase sempre fez bastante sentido pra mim. Se você está em casa, está com tempo livre pra arrumar e limpar (e vamos combinar que todo mundo gosta de chegar em casa e ela estar limpa e arrumada).

O problema é que, apesar de eu acreditar na veracidade da frase, muitas vezes essa crença acabava em si mesma. Meu irmão e eu sabíamos que era nossa responsabilidade, sabíamos que precisava ser feito mas mesmo assim, preferíamos engajar nossos esforços em outras atividades. Foram inúmeras as vezes que minha mãe chegou em casa e, depois de alguns minutos de conversa séria, todos nós íamos arrumar o que precisava ser arrumado.

Depois que casei, venho tentado agir dessa mesma forma. Quem está em casa é que deve arrumar. Como tanto a Dona Moça quanto eu saímos cedo e voltamos tarde na maioria dos dias, parte dos meus períodos de folga são usados pro trabalho doméstico. Ou pelo menos deveriam... Se tem algo em que eu não mudei com o tempo foi o fato de detestar o trabalho doméstico. Tem coisas que eu detesto mais (como passar roupa) e tem coisas que eu detesto menos (como lavar louça), mas ainda assim, eu realmente não gosto. A única coisa que eu realmente gosto é cozinhar; o problema é a louça suja gerada no processo.



Com esse pequeno pano de fundo (minúsculo, só 5 parágrafos), vamos ao que eu realmente queria contar hoje. Num desses dias em que tenho a tarde de folga, quando acordamos, a Dona Moça citou que precisaríamos trocar a roupa de cama, e me pediu ajuda pra trocar logo de manhã. Eu disse pra ela que trocava quando chegasse em casa, afinal, eu chegava mais cedo em casa. Passou-se a manhã e eu voltei para casa. Cheguei no quarto, olhei pra cama e ela me olhou de volta, me chamando pra um cochilo. Claro que eu cedi.

Depois de um cochilo de umas boas horas, sou acordado com um telefonema da Dona Moça. Nem lembro o que foi dito no telefonema, mas levantei meio zonzo e, 10 minutos depois, ela chegou em casa. Quando ela chegou em casa, ela já sabia que eu dormi a tarde toda (é impossível disfarçar a voz de sono). Quando ela entrou no quarto e viu que eu não tinha trocado a roupa de cama, o rosto dela não ficou exatamente numa pose amigável. Azedou tudo, na hora.

Ela foi pra cozinha, fazer o jantar (nem isso eu tinha feito, já que tinha dormido a tarde toda). Passou a noite e, antes de dormirmos, nós conversamos e ela disse que estava chateada pelo fato de eu não ter feito nada pela casa durante a tarde toda. Especialmente por eu não ter trocado a roupa de cama, que eu falei que trocaria.

Acho que todo mundo aqui sabe como é decepcionar alguém que se ama, não é? Eu me senti muito mal naquele dia. Muito mal mesmo. Pedi desculpas, ela aceitou e tudo mais mas eu sabia que ela realmente tinha ficado triste. Tê-la deixado triste foi a pior consequência da minha preguiça.

Para evitar isso, no meu dia de folga seguinte eu fiz exatamente o contrário. Não preguicei nada. Acordei, troquei a roupa de cama, varri e passei pano, limpei o banheiro e fui lavar roupa suja. Eu até hoje não sei como que duas pessoas sujam tanta roupa! Acho que foram umas quatro maquinadas para dar conta de tudo. Pendurei tudo e ia fazer o jantar. Mesmo fazendo essas coisas, ainda tinha tempo pra ficar de boa e jogar uma ou duas (ou mais) partidas no Fifa.

No meio do processo de lavação de roupa suja, ouvi um choro de cachorro. Como nós temos alguns, fui dar uma checada pra ver se estava tudo bem com eles. Quando vi, era uma vira lata bem velhinha que estava chorando. A Dolly estava deitada na casinha dela, com os olhos vidrados e bem abertos, típicos de cães com dor. Dei um remédio pra ela e passei o dia me revezando entre limpar a casa e tentar fazer alguma coisa por ela, pra tentar aliviar a dor dela.

Todo mundo que já teve cachorro sabe o que é esse momento. Eles não vivem pra sempre, por mais que a gente quisesse. Passei boa parte da tarde sentado do lado de fora da casinha dela, tentando dar algum carinho e um pouco de água, que ela bebia avidamente da seringa. Avisei a Dona Moça, meio tentando disfarçar a gravidade da situação, esperando que ela voltasse pra casa antes que a Dolly partisse.

Quando a Dona Moça chegou em casa, foi difícil. Ela é muito apegada aos nossos bichinhos. Muito mesmo. Aliás, ela é apegada a todos os cães do mundo. Ela ficou do lado da Dolly e tentamos deixa-la o mais confortável possível. Dona Moça ficou bem chorosa aquela hora (quem não ficaria?). Tentei meu máximo para confortá-la, mas não há muito o que se fazer nessas horas.

Quando entramos em casa, aí eu fiquei mal mesmo. Sim, eu estava triste pela Dolly, mas era ainda pior ver a Dona Moça triste. Eu tinha passado o meu dia inteiro fazendo as tarefas domésticas com o intuito de deixa-la feliz, mas algo que estava além da minha capacidade de resolução tinha deixado ela triste. Essa sensação de impotência é um saco. A sensação que, em várias situações, não há o que fazer: A pessoa que eu amo vai ficar triste de vez em quando. Falei isso pra Dona Moça. Ela disse que eu não precisava me sentir assim, pois melhor que deixar a casa um brinco era eu ter ficado do lado da Dolly enquanto ela sofria. Era muito mais importante cuidar de um ser que era tão importante pra ela. Mais do que lavar roupa, varrer a casa ou cozinhar o jantar, cuidar da Dolly foi a maior demonstração de amor que eu fiz pra Dona Moça naquele dia.

No final das contas, eu (re)aprendi algo tremendamente importante, mas difícil de aceitar. A felicidade de quem se ama, em muitas situações, não depende do que façamos ou deixemos de fazer. Existem coisas (muitas coisas) que estão além do nosso alcance. Entretanto, sempre devemos nos esforçar ao máximo pela felicidade da pessoa amada. Afinal, casamento é pra vida toda, e toda a vida é um tempo muito grande para não ser feliz.

1 Amplexo!


sexta-feira, 3 de março de 2017

Por favor, ande mais devagar!

Tem sido muito engraçado perceber as mudanças no meu corpo agora que estou grávida.



Não só a barriga está aparecendo mais, como algumas vezes tive a impressão de que o bebê estava se mexendo. Não sei se aquilo era ele mexendo mesmo ou se era coisa da minha cabeça. Sinto algumas dores na lombar e outras no pé da barriga. Dizem que é porque o útero está se expandindo.

Além disso já estou acordando várias vezes durante a noite pra fazer xixi. Isso me irrita. 
Eu tenho um sono absurdo, como nunca na vida. E quem me conhece sabe que, normalmente, eu sinto sono o tempo todo. Grávida, estou muito pior nesse sentido.

Há algum tempo atrás uma colega minha comentou que mais pro final da gestação ela levava o dobro do tempo para andar de um lugar para o outro. Uma caminhadinha de 10 minutos tinha que ser feita em 20 minutos.

Eu achei aquilo bem engraçado, porque era uma coisa que eu não imaginava. Lógico que eu sabia que o peso do bebê atrapalhava um pouco e que as mulheres grávidas ficavam mais cansadas, mas não pensei em tudo o que isso refletia.

Esses dias eu estava indo trabalhar e percebi que eu estava muito cansada. Tudo bem que eu estou na metade da gestação, mas estava bem cansada e precisei diminuir o ritmo. Achei que fosse por causa do sol, que estava muito ardido já naquele horário.

Essa situação se repetiu algumas vezes... e continua acontecendo. Até que outro dia eu estava andando com o Meu Bem e, em determinado momento, achei que ele estava andando rápido demais.
Pensei comigo "Por que ele está correndo desse jeito? Não estamos atrasados pra nada!".

Mas continuei andando porque achei que era só apertar o passo e eu conseguiria acompanhá-lo. Mas parecia que quanto mais rápido eu tentava andar, mais rápido ele ia também. Fiquei irritada. 

Até que falei pra ele: "Meu Bem, por que você está correndo? Você pode, por favor, andar mais devagar?".

Calmamente ele disse que sim e continuamos a caminhada num passo de tartaruga. 

Essa situação me fez pensar em várias coisas que nada tem a ver com a gravidez.

Fiquei relembrando das inúmeras vezes que a vida da gente entra numa rotina tão acelerada que a gente já não enxerga mais o que acontece ao nosso redor.

Já acordamos cansados e atrasados. Nem sempre dá tempo de dar aquela enrolada de 5 minutinhos. Mal tomamos café da manhã e já saímos para resolver nossos compromissos, sejam eles pessoais ou de trabalho. Passamos o dia envolvidos em todas essas coisas, até que à noite voltamos pra casa, tomamos um banho, comemos alguma coisa e o pouco tempo que nos sobra temos que dividir em atividades domésticas, lazer e compromissos extra. Durante o dia que passou mal lembramos se almoçamos direitinho ou se compramos um lanche pra comer enquanto continuávamos fazendo o que era necessário.

Quando o chega o fim de semana as coisas não ficam muito melhores. Alguns de nós temos compromissos na igreja, outros continuam trabalhando. Utilizamos esses dias para visitar a família, rever os amigos, passear com os filhos, terminar algum projeto pessoal...

Uffa.. o fim de semana acabou e estamos mais cansados do que tínhamos planejado.

Passamos a esperar ansiosamente todas as sextas-feiras, todos os sábados e domingos. Contamos os dias para o próximo feriado. Mal podemos aguardar as nossas férias. E vamos vivendo num ciclo vicioso de esperar o próximo momento como se ele fosse salvar a nossa vida, lavar a nossa alma, nos dar o alívio que precisamos.

Nesse ritmo intenso e maluco não é à toa que muitos casamentos se desfazem, que os cônjuges perdem o interesse um pelo outro. Não dá pra viver uma vida que só é interessante aos finais de semana ou nos feriados. 

Quantas histórias ouvimos de cônjuges que perderam o interesse um no outro e passaram a se interessar por outras pessoas. A grande maioria das vezes porque idealizaram um outro alguém da mesma forma que idealizamos nossas férias. 

Minha sogra costuma dizer que o melhor dia das férias é aquele restinho de dia, depois do seu último dia de trabalho. Que você chega em casa, come besteira, dorme como se não houvesse amanhã e planeja todas as coisas incríveis que você vai fazer nos próximos 15 ou 30 dias, mesmo que você não realize nenhuma delas.

Assim é a forma como vemos o casamento que está desgastado. Imaginamos tantas coisas que poderiam ser incríveis e temos a ilusão de que, se elas não acontecem, a culpa é do outro. Nem sempre é. Nem sempre as férias resolvem o problema, nem sempre encontramos paz num fim de semana. 

Na nossa rotina intensa, cansativa e cheia de compromissos, precisamos colocar a cabeça no travesseiro à noite e se perguntar o que realmente importa e o que podemos deixar de lado.

Precisamos nos perguntar: "Por que eu estou correndo tanto?".

Ou será que precisamos ouvir do nosso cônjuge: "Por favor, ande mais devagar?".

Se essa for a única saída, peça para o seu cônjuge ir mais devagar, converse com ele e diga que não está aguentando esse ritmo, que dessa forma a vida vai passar e vocês não terão aproveitado o caminho juntos. 

Mas, se for possível, não espere chegar nesse ponto. Pense você mesmo para onde e com quer você quer ir durante sua vida e, se preciso, vá mais devagar. Pode ser que demore mais para chegar onde você quer, mas certamente você vai apreciar mais a caminhada até lá.