Apresentação

Pra quem acredita que a lua-de-mel não acaba quando voltamos da viagem...

sexta-feira, 3 de março de 2017

Por favor, ande mais devagar!

Tem sido muito engraçado perceber as mudanças no meu corpo agora que estou grávida.



Não só a barriga está aparecendo mais, como algumas vezes tive a impressão de que o bebê estava se mexendo. Não sei se aquilo era ele mexendo mesmo ou se era coisa da minha cabeça. Sinto algumas dores na lombar e outras no pé da barriga. Dizem que é porque o útero está se expandindo.

Além disso já estou acordando várias vezes durante a noite pra fazer xixi. Isso me irrita. 
Eu tenho um sono absurdo, como nunca na vida. E quem me conhece sabe que, normalmente, eu sinto sono o tempo todo. Grávida, estou muito pior nesse sentido.

Há algum tempo atrás uma colega minha comentou que mais pro final da gestação ela levava o dobro do tempo para andar de um lugar para o outro. Uma caminhadinha de 10 minutos tinha que ser feita em 20 minutos.

Eu achei aquilo bem engraçado, porque era uma coisa que eu não imaginava. Lógico que eu sabia que o peso do bebê atrapalhava um pouco e que as mulheres grávidas ficavam mais cansadas, mas não pensei em tudo o que isso refletia.

Esses dias eu estava indo trabalhar e percebi que eu estava muito cansada. Tudo bem que eu estou na metade da gestação, mas estava bem cansada e precisei diminuir o ritmo. Achei que fosse por causa do sol, que estava muito ardido já naquele horário.

Essa situação se repetiu algumas vezes... e continua acontecendo. Até que outro dia eu estava andando com o Meu Bem e, em determinado momento, achei que ele estava andando rápido demais.
Pensei comigo "Por que ele está correndo desse jeito? Não estamos atrasados pra nada!".

Mas continuei andando porque achei que era só apertar o passo e eu conseguiria acompanhá-lo. Mas parecia que quanto mais rápido eu tentava andar, mais rápido ele ia também. Fiquei irritada. 

Até que falei pra ele: "Meu Bem, por que você está correndo? Você pode, por favor, andar mais devagar?".

Calmamente ele disse que sim e continuamos a caminhada num passo de tartaruga. 

Essa situação me fez pensar em várias coisas que nada tem a ver com a gravidez.

Fiquei relembrando das inúmeras vezes que a vida da gente entra numa rotina tão acelerada que a gente já não enxerga mais o que acontece ao nosso redor.

Já acordamos cansados e atrasados. Nem sempre dá tempo de dar aquela enrolada de 5 minutinhos. Mal tomamos café da manhã e já saímos para resolver nossos compromissos, sejam eles pessoais ou de trabalho. Passamos o dia envolvidos em todas essas coisas, até que à noite voltamos pra casa, tomamos um banho, comemos alguma coisa e o pouco tempo que nos sobra temos que dividir em atividades domésticas, lazer e compromissos extra. Durante o dia que passou mal lembramos se almoçamos direitinho ou se compramos um lanche pra comer enquanto continuávamos fazendo o que era necessário.

Quando o chega o fim de semana as coisas não ficam muito melhores. Alguns de nós temos compromissos na igreja, outros continuam trabalhando. Utilizamos esses dias para visitar a família, rever os amigos, passear com os filhos, terminar algum projeto pessoal...

Uffa.. o fim de semana acabou e estamos mais cansados do que tínhamos planejado.

Passamos a esperar ansiosamente todas as sextas-feiras, todos os sábados e domingos. Contamos os dias para o próximo feriado. Mal podemos aguardar as nossas férias. E vamos vivendo num ciclo vicioso de esperar o próximo momento como se ele fosse salvar a nossa vida, lavar a nossa alma, nos dar o alívio que precisamos.

Nesse ritmo intenso e maluco não é à toa que muitos casamentos se desfazem, que os cônjuges perdem o interesse um pelo outro. Não dá pra viver uma vida que só é interessante aos finais de semana ou nos feriados. 

Quantas histórias ouvimos de cônjuges que perderam o interesse um no outro e passaram a se interessar por outras pessoas. A grande maioria das vezes porque idealizaram um outro alguém da mesma forma que idealizamos nossas férias. 

Minha sogra costuma dizer que o melhor dia das férias é aquele restinho de dia, depois do seu último dia de trabalho. Que você chega em casa, come besteira, dorme como se não houvesse amanhã e planeja todas as coisas incríveis que você vai fazer nos próximos 15 ou 30 dias, mesmo que você não realize nenhuma delas.

Assim é a forma como vemos o casamento que está desgastado. Imaginamos tantas coisas que poderiam ser incríveis e temos a ilusão de que, se elas não acontecem, a culpa é do outro. Nem sempre é. Nem sempre as férias resolvem o problema, nem sempre encontramos paz num fim de semana. 

Na nossa rotina intensa, cansativa e cheia de compromissos, precisamos colocar a cabeça no travesseiro à noite e se perguntar o que realmente importa e o que podemos deixar de lado.

Precisamos nos perguntar: "Por que eu estou correndo tanto?".

Ou será que precisamos ouvir do nosso cônjuge: "Por favor, ande mais devagar?".

Se essa for a única saída, peça para o seu cônjuge ir mais devagar, converse com ele e diga que não está aguentando esse ritmo, que dessa forma a vida vai passar e vocês não terão aproveitado o caminho juntos. 

Mas, se for possível, não espere chegar nesse ponto. Pense você mesmo para onde e com quer você quer ir durante sua vida e, se preciso, vá mais devagar. Pode ser que demore mais para chegar onde você quer, mas certamente você vai apreciar mais a caminhada até lá.

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