Apresentação

Pra quem acredita que a lua-de-mel não acaba quando voltamos da viagem...

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

O Sapato Vermelho

Quando eu ofereci meus "préstimos" como escritor para minha cunhada (Sim, você entendeu direito: Eu me ofereci. Ela não me pediu. Eu sou entrão assim mesmo.), minha intenção inicial era contar a história do meu relacionamento com a Dona Moça de forma cronológica. Ainda pretendo manter esse padrão de escrita, mas hoje haverá uma breve interrupção.


Na semana passada, mais precisamente na quinta feira, Dona Moça e eu tivemos uma longa conversa ao telefone. Próximo de 2 horas de conversa. A conversa não seria tão longa se eu não tivesse feito a seguinte pegunta:

"Você está chateada com alguma coisa, meu amor?"

Sem essa pergunta, a conversa teria acabado no minuto 30. Depois disso, foi um tempo razoável até ela explicar o motivo da chateação, e eu entender e nós resolvermos a situação. Só demorou um pouco porque ela diz que eu sou teimoso, mas eu não concordo!


Todo esse processo nos levou até o momento 1h45min da conversa. Os últimos 15 minutos era onde eu queria chegar pra esse texto. Quando ela explicou o lado dela (e eu, depois de muito tempo, entendi), eu fiquei bem chateado. Não porque eu não gostei dela ter falado o que falou, ou por ter achado que é bobagem. Eu fiquei chateado exatamente por ser verdade.


Como meu relacionamento com a Dona Moça é o meu primeiro namoro, eu sempre tive muito medo de errar. Somando-se a isso o fato de ela ser mais velha do que eu e, consequentemente muito mais madura, o meu medo era elevado à décima potência. Conversei sobre isso com uma prima que é muito próxima de mim. Ela me disse que, pra ela, sempre existiu o medo de errar. No começo era maior, e ia diminuindo, mas sempre estava lá.


A experiência da minha prima se mostrou recorrente, à medida que eu percebia o mesmo acontecer no meu relacionamento. E agora voltamos aos últimos 15 minutos da conversa, pois foram neles que eu entendi o motivo do medo diminuir. Percebendo o quão chateado eu estava comigo mesmo, Dona Moça começou a falar uma série de coisas que eu tinha feito por ela que eram muito maiores que os erros que cometi. No meio dessas coisas, ela disse:

"Você me faz querer usar sapato vermelho."

Quem não conhece a Dona Moça, não faz ideia do quanto essa frase significa. Ela é uma pessoa tímida, razoavelmente introspectiva e extremamente auto-crítica. Esse conjunto de características se mostravam no jeito que ela se vestia: Quase sempre roupas escuras e bem discretas. Até aí, nada demais. O estranho é que as cores favoritas delas são laranja, amarelo e rosa, coisa que descobri somente depois de meses de namoro.


Aí eu comecei uma saga. Sempre que comprava alguma roupa pra ela, era bem colorida. Comprei batom bem vermelho, esmalte vibrante e sapato de salto bem alto. Sim, eu gosto de cores fortes. Sim, eu gosto quando ela usa as cores que eu gosto. Mas eu gosto ainda mais quando as coisas que eu dou ou faço por ela, fazem bem a ela.


Essas pequenas coisas que eu fiz por ela, mostravam-na que eu a acho linda, apesar de ela nem sempre ter achado isso. Isso fez com que ela começasse a mudar sua autoimagem. Fez com que ela começasse a se enxergar como eu a enxergo.


Por isso que a frase "Você me faz querer usar sapato vermelho." tem tanto significado. Eu a faço sentir bem, de forma que ela não tem mais problema em usar cores que chamam a atenção ou um salto que faz ela ficar mais alta que eu.  Com essa frase, ela quis me mostrar que eu a faço feliz.


Não quero parecer o herói aqui. Não quero e nem posso. Quero mostrar aqui o quão importante é que o casal converse entre si. Eu nunca teria sabido que ela estava chateada comigo se eu não tivesse perguntado. Nós não teríamos resolvido o problema se ela não dissesse o porquê de estar chateada. E ela não teria me consolado sem dizer que eu a faço querer usar sapato vermelho. 


Além da importância da comunicação, podemos perceber o quão essencial é para o relacionamento que um tente fazer o outro feliz. No momento em que Dona Moça percebeu que eu estava triste por ter errado, ela deixou pra lá toda a chateação dela e fez o máximo para que eu percebesse o quão importante sou pra ela, e que meus erros são muito menos significativos que meus acertos.


Erros e acertos fazem parte de qualquer relacionamento. Enquanto os erros forem conversados, eles podem se tornar em acertos. E enquanto a vontade de acertar um com o outro e de demonstrar amor for maior que tudo, não há porque ter medo de errar.



1 Amplexo!

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