Apresentação

Pra quem acredita que a lua-de-mel não acaba quando voltamos da viagem...

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Como cães e gatos.

A Angélica e o "Meu Bem" dela são fãs de gatos. Adoram gatos. Inclusive tem um post mais antigo que ela falou do Bóris, o gato amarelo deles. Eu também sou fã de gatos. O próprio Bóris foi meu gato por um tempo. Já a Dona Moça não é lá tão chegada em gatos. Ela amava o Bóris, pois ele realmente era apaixonante, mas só ele. Dona Moça gosta mesmo é de cachorro. Eu até que gostava de cachorro, mas sempre fui mais dos gatos. Bom, pelo menos antes da Dona Moça.

Antes do começo do namoro, naquelas conversas que duram horas pelo Whatsapp, ela já tinha me dito que gostava de cachorros. Eu sabia que ela tinha cachorro. Até que eu perguntei o nome do cachorro dela. E ela respondeu:

"Ah, tem a Telly, o Fred, o Willy, o Oliver, a Ágata, a Dolly e a Molly."

UAU. APENAS. SETE. CACHORROS.


Depois eu descobri que ela tinha um quintal ENORME na casa dela, e que a família dela resgatava alguns cães que apareciam na frente do portão. E que todos esses cães ficavam no quintal. Exceto a Telly.




A Telly era essa criaturinha fofa e adorável. Era uma Basset Dachshund (o famoso salsichinha, pra quem não sabe de cachorro) de 14 anos, toda educada. Muito companheira, acompanhava a Dona Moça por onde ela ia. Se Dona Moça estava no quarto, a Telly estava lá. Se ia pra cozinha, com certeza podia-se ouvir os passinhos da Telly indo atrás. Se a Dona Moça estava em casa, a Telly estava junto. O único momento em que se separavam era quando tinha algo sendo preparado na cozinha. A Telly saía de onde a Dona Moça estava e ia pra cozinha. Se a Dona Moça demorava pra ir à cozinha, a Telly aparecia pra chamar. Ficava latindo, como se perguntasse "Mas você não vem? Por que você não vem? Tem comida lá!".

Na primeira vez que fui até a casa da Dona Moça, só conheci a Telly, a Dolly e a Molly. Os outros são Rottweillers, então acho que foi uma decisão acertada começar só por essas três. Quando fui conhecer a Telly, a Dona Moça me avisou que ela era dócil, mas que não era simpática com estranhos. Não mordia, não atacava, mas também não oferecia e nem pedia carinho.

Qual foi minha surpresa quando, ao dar minha mão pra Telly cheirar (pra quem não sabe, é assim que você se apresenta pra um cachorro.), ela deu umas lambidinhas logo de cara. E, no mesmo dia, eu sentei no chão, e ela se apoiou na minha perna pra dormir. A Dona Moça achou o máximo. A Telly nunca tinha sido assim com ninguém, mas, pelo jeito, eu fui aprovado por ela de primeira.

Um outro fato legal, foi uma vez que chegamos na casa dela um pouco mais tarde que o comum, e todos estavam dormindo. Todos, menos a Telly. Não importa a hora que fosse, a Telly só ia pro quarto dormir quando a Dona Moça também ia. Antes disso, ela esperava na cozinha. Quando chegamos, a Dona Moça deu um abraço na Telly, como sempre fazia. Eu fiz um carinho na cabeça, e rumei pra pegar um copo d'água. Eis que escuto a Telly rosnando pra chamar minha atenção, e vejo que ela olhava pra mim, como se falasse "Ei, cadê meu abraço?". Fui lá, a abracei e fomos dormir.

Seis meses de namoro se passaram, e corria tudo bem. Fui conhecendo todos os cachorros até eles virarem meus amigos. Os Rottweillers deram um trabalho. Demorou um tempo, mas viraram meus amigos. Dos mais confiáveis, diga-se de passagem. Nos protegem como ninguém. E o tempo foi passando, passando... Até que chegou o dia.

Lembro como se fosse ontem. Sei que não era ontem porque foi o primeiro dia dos namorados que Dona Moça e eu passamos juntos. E foi o mesmo dia que o Brasil estreou na copa de 2014. A Telly estava meio estranha... Não queria comer, só queria ficar junto da gente. Dona Moça a levou num veterinário de manhã, e passamos a tarde na casa dela. Ela continuou mal, e juntos a levamos pra uma clínica de emergência veterinária. As ruas completamente vazias. Todos estavam vendo o jogo de estreia da seleção na copa.

Infelizmente, não havia nada que pudéssemos fazer. Voltamos pra casa, e ficamos com ela até que ela descansasse.

Eu fiquei meio perdido nessas horas, durante esses eventos. Esse era o dia da Dona Moça chorar. O meu dia de ser o ombro amigo. Mas eu queria, desesperadamente, chorar também. Choro fácil por natureza, e, mesmo em pouco tempo, já amava a Telly. Segurei o choro, fiquei com a Dona Moça, tentando ajudá-la na medida do possível. Quando tive um minuto, liguei pra minha mãe pra chorar um pouquinho, e parei rapidinho, pra voltar ao meu cargo de ombro amigo.

Esse fato me ensinou o quanto a gente muda quando amamos alguém. Eu nunca saberia que gosto tanto de cães se não fosse pela Dona Moça. Eu jamais faria tanto esforço para não chorar em qualquer situação se não fosse pela Dona Moça.

Quando "eu" virei "nós", muita coisa mudou. Deixei de pensar por mim, passei a pensar por nós. Deixei de querer o que era melhor pra mim, para buscar o que é melhor pra nós. Descobri que nós temos gostos diferentes do que eu tinha. Descobri que o choro de um, é a tristeza dos dois. Descobri que o sorriso de um, é a nossa felicidade. 

Descobri que "nós dois" é muito melhor que "só eu".

1 amplexo.

 

3 comentários:

  1. Muito legal Primo. Telly era uma "mortadela" muito amável. Um dia encontraremos todos os nossos amigos. Fico feliz por vc pensar em "nós" especialmente com a minha prima que é um ser muito especial. Cuide sempre dela!

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  2. Muiiiitoooo legaaalll...
    Adorei!

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