Apresentação

Pra quem acredita que a lua-de-mel não acaba quando voltamos da viagem...

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

It´s a boy!!

Sim, é um menino!!! E vocês, provavelmente, já viram o vídeo que postamos no facebook rs (deveria ter postado no youtube! Nunca tive tantas visualizações hahaha).



Em primeiro lugar quero dizer que, sim, estamos MUITO felizes por ser um menino.
Em segundo lugar, quero dizer que estaríamos igualmente felizes se fosse uma menina.

Digo isso porque algumas pessoas, em sua inocência (ou não), acharam que ficamos 'um pouco felizes demais' por ser um menino e que se não fosse, a reação seria diferente.
Não. Não seria.

Antes de ter um filho nós costumamos ter preferências. Quando isso vira realidade, o pensamento muda. São tantos "se" que a última coisa que vai importar é o sexo da criança.

É engraçado que às vezes ainda não parece real que nós teremos um bebê em casa daqui há poucos meses. Eu ainda não sinto o mini Petermann mexer, minha barriga ainda não tem um formato bonito (só pareço gorda mesmo), amanhã completo 18 semanas (um pouco mais de 4 meses, pra quem não consegue fazer as contas rs) e as coisas ainda não mudaram muito.

Nós esvaziamos o quarto dele e começamos a pintar as paredes. Temos uma bolsa cheia de presentes que ele já ganhou, recebemos carinho de muitas pessoas... mas ainda assim as coisas não mudaram muito.

Eu sempre acho que vou chegar na sala de ultrassom e a médica vai dizer: "não, não tem nenhum bebê aqui dentro, você se enganou!". Porque as coisas ainda não mudaram muito.

Definitivamente eu acredito que estou grávida quando estou vomitando sem parar tudo aquilo que eu como. Com quase 5 meses de gestação eu ainda fico enjoada e vomito minhas refeições. Eu definitivamente acredito que estou grávida quando o Meu Bem precisa segurar meu cabelo porque eu comecei a vomitar no meio da rua. Mas ainda assim as coisas não mudaram muito.

Eu ando muito emotiva e choro com tudo. Ainda mais se tiver a ver com o meu filho. Mas ainda assim  as coisas não mudaram muito.

Esses dias eu acordei o Fellipe de madrugada. 
Acordei ele porque eu estava chorando. Estava chorando porque estava com muito medo.
Eu estava com medo das coisas mudarem muito.

Disse pra ele que eu tinha medo de nós esquecermos um do outro por causa do nosso filho.
Eu estava com medo de, na ânsia de fazer o melhor pra ele, deixar o pior pra nós.
Tive medo de trocar nossos momentos pelos momentos que teremos com nosso filho.
Senti medo de nunca mais sermos só nós dois.
Eu tive medo de esquecermos quem somos como casal.
Eu, que sempre aceitei as mudanças da vida, que sempre sonhei com coisas novas, com emoções diferentes... justo eu... estava ali, morrendo de medo de mudar demais.

Porque quando a gente vai mudar pra algo melhor, o medo do desconhecido é só ansiedade.
Mas quando a gente já está no lugar que consideramos "o melhor", o medo é só medo mesmo.

E eu amo tanto a nossa vida juntos, as nossas piadas, o jeito que a gente se diverte... e eu sou tão feliz com a vida que eu tenho que, embora todas as pessoas me digam que o maior amor do mundo está pra vir e que eu ainda não conheci a melhor parte da minha vida, eu ainda tenho medo de que as coisas mudem demais.

Essa semana eu li um texto sobre ter filhos com necessidades especiais. Quem postou foi uma mãe que sigo nas redes sociais e que acabou de receber o diagnóstico que sua filha é autista. Embora o texto seja voltado para as necessidades especiais de uma criança, eu traduzi para minha vida, como sendo um texto sobre tudo aquilo que foge do nosso alcance, que sai do padrão, que é inesperado para nós.

Leia esse texto:

Bem-vindo à Holanda


Freqüentemente sou solicitada a descrever a experiência de criar um filho portador de deficiência, para tentar ajudar as pessoas que nunca compartilharam dessa experiência única a entender, a imaginar como deve ser. É mais ou menos assim... 

Quando você vai ter um bebê, é como planejar uma fabulosa viagem de férias - para a Itália. Você compra uma penca de guias de viagem e faz planos maravilhosos. O Coliseu. Davi, de Michelangelo. As gôndolas de Veneza. Você pode aprender algumas frases convenientes em italiano. É tudo muito empolgante. 

Após meses de ansiosa expectativa, finalmente chega o dia. Você arruma suas malas e vai embora. Várias horas depois, o avião aterrissa. A comissária de bordo chega e diz: "Bem-vindos à Holanda". 

"Holanda?!? Você diz, "Como assim, Holanda? Eu escolhi a Itália. Toda a minha vida eu tenho sonhado em ir para a Itália." 

Mas houve uma mudança no plano de vôo. Eles aterrissaram na Holanda e é lá que você deve ficar. 

O mais importante é que eles não te levaram para um lugar horrível, repulsivo, imundo, cheio de pestilências, inanição e doenças. É apenas um lugar diferente. 

Então você deve sair e comprar novos guias de viagem. E você deve aprender todo um novo idioma. E você vai conhecer todo um novo grupo de pessoas que você nunca teria conhecido. 

É apenas um lugar diferente. Tem um ritmo mais lento do que a Itália, é menos vistoso que a itália. Mas depois de você estar lá por um tempo e respirar fundo, você olha ao redor e começa a perceber que a Holanda tem moinhos de vento, a Holanda tem tulipas, a Holanda tem até Rembrandts. 

Mas todo mundo que você conhece está ocupado indo e voltando da Itália, e todos se gabam de quão maravilhosos foram os momentos que eles tiveram lá. E toda sua vida você vai dizer "Sim, era para onde eu deveria ter ido. É o que eu tinha planejado." 

E a dor que isso causa não irá embora nunca, jamais, porque a perda desse sonho é uma perda extremamente significativa. 

No entanto, se você passar sua vida de luto pelo fato de não ter chegado à Itália, você nunca estará livre para aproveitar as coisas muito especiais e absolutamente fascinantes da Holanda.

Emily Perl Kingsley

Eu adaptei esse texto à minha realidade. Meu casamento foi minha viagem pra Itália. Eu planejei toda essa viagem. Planejei o momento de ter filhos, no auge da nossa maturidade como casal, no melhor momento da nossa vida financeira, no momento em que precisaríamos que tudo mudasse.
Mas no meio da nossa viagem, eu dormi na Itália e acordei na Holanda. 

E eu senti medo. Não importava se meu nenê seria menino ou menina. Eu senti medo. E eu não tenho problemas em assumir isso. Todo ser humano sente medo. Até as mães que planejaram seus filhos por meses ou até mesmo anos. Elas também sentiram medo.

Naquela noite que eu acordei o Meu Bem, eu senti medo de nunca mais viver aquilo: uma noite tranquila, nós dois, juntos. 

E eu não vou te dizer que Meu Bem me tranquilizou e tudo mudou da noite pro dia. Ele me abraçou e disse: "Eu também estou com medo".

Então eu percebi que, mais uma vez, eu não estou sozinha nisso. Estamos juntos. E se estivermos com medo, vamos com medo mesmo. Mas vamos juntos.

Estamos radiantes porque teremos um menino. Estamos apaixonados pelo nosso filho. Estamos mais apaixonados ainda um pelo outro. Porque não são nossas piadas ou nossas horas assistindo seriados que fazem a gente se apaixonar um pelo outro. 

O motivo de nos apaixonarmos um pelo outro todos os dias é a consciência de não estamos sozinhos, na Itália ou na Holanda, desde que dissemos SIM.

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