Apresentação

Pra quem acredita que a lua-de-mel não acaba quando voltamos da viagem...

sexta-feira, 22 de abril de 2016

O "Sim" da Dona Moça

Era dia 4 de julho de 2015. O mundo comemorava ou não a independência dos EUA. Eu, nesse mesmo dia, tentei comer o mais devagar possível durante o jantar, para não estragar o que estava planejado para a Dona Moça. Nunca um prato de salada rendeu tanto na minha frente. Cada fatia de carpaccio foi cortada em exatamente 37 pedacinhos, cada um deles mastigados todas as 28 vezes que minha mãe recomendou a vida inteira, embora nunca as tivesse cumprido. Nunca até esse dia.

Mas vamos voltar um pouco no tempo. Não sei exatamente quando, mas vamos voltar mesmo assim. Não sei quando me veio o pensamento "É... tá na hora de noivar". Mas ele veio. Falei com meus pais, e fomos atrás de aliança de noivado. Só que antes da aliança de noivado, teve a saga da aliança de compromisso. Minha mãe me acompanhou quando fui comprar a aliança de compromisso, quando Dona Moça e eu tínhamos 6 meses de namoro. E foi uma saga digna de cinema. Fomos em umas 5 joalherias até achar uma que fizesse uma aliança que coubesse no meu pequenino dedo anelar, de tamanho 34. Achamos 2 que faziam, mas somente uma se encaixava nos meus requisitos: Para o par de aliança de compromisso, eu queria que a da Dona Moça tivesse um detalhe diferente da minha e que ela fosse dividida de forma simétrica. Pode parecer (e é mesmo) loucura, mas tinham umas alianças com uns riscos fora do centro. Isso me tirava do sério! Depois de muito andar, olhar, provar... Finalmente as alianças de compromisso foram compradas.

Devido à experiência longa e cansativa para achar alianças de compromisso, quando fui procurar uma aliança para o noivado, novamente acompanhado de minha mãe, fomos numa loja aonde já sabíamos que teria aliança do meu tamanho. Nesse dia, fomos acompanhados pela minha tia Véia, que de tão próxima a mim, já me perguntaram se ela é minha madrinha. Mais tarde, chegou também meu pai para acompanhar a compra e depois jantarmos juntos (claro, pois qualquer coisa é desculpa pra comer!). Vimos vários modelos de aliança, mas, diferente da aliança de compromisso, para o noivado (e casamento) eu queria uma aliança lisa, sem nenhum detalhe. Achamos uma, que eu fiquei absolutamente apaixonado. Linda de verdade. Só tinha uma coisa: era idêntica à do meu irmão. Será que teria algum problema? Liguei para ele, para perguntar se ele se importaria. Ele, gentil como sempre é, me responde com dulçor na voz: "Claro que não tem problema, seu idiota! Por que teria?". Com essas palavras amáveis, segui e comprei as alianças.

Depois disso, veio o planejamento do dia do pedido. Primeiro, fui à 25 de Março, pois queria comprar um quadro de fotos para colocar no quarto dela, e quaisquer decorações que achasse por lá que fossem relacionadas à situação em questão. No final, comprei o quadro de fotos, um coração de rosas (artificiais, pois ainda faltavam alguns dias para a data marcada), pétalas de rosas (também artificiais), duas taças com dizeres fofinhos, bexigas de coração e não lembro mais o que. Além disso, para o grande dia estava planejado comprar um buquê de rosas, dessa vez, naturais. 

Tudo planejadinho. O próximo passo era aliciar meus cúmplices. Como eu queria que o quarto dela ficasse decorado, precisava da ajuda dos meus sogros, para que decorassem-no enquanto estávamos fora. Falei com eles, pedi tanto a mão da Dona Moça em casamento como ajuda para organizar as coisas, e eles topara. Além deles, precisava de ajuda dos meus pais, para que eles levassem os itens que seriam colocados no quarto dela, pois não dava pra eu aparecer com aquele monte de coisas com a Dona Moça em casa. E eles, claramente, aceitaram.

O motivo de eu querer o quarto da Dona Moça todo decoradinho é que eu sabia que, para ela, seria muito mais significativo se o pedido fosse feito num ambiente mais familiar. Ela gosta de sair pra jantar, de passear comigo e tudo mais, mas ela é bem mais caseira. Por isso, marquei a data para uma noite que teria lua cheia, e fomos jantar fora.

A desculpa para chamá-la para comer fora foi que não tínhamos saído no dia dos namorados. Até porque, a gente nunca sai no dia dos namorados. É tudo sempre muito cheio, e a gente num tem saco pra essas coisas. Foi uma desculpa plausível, mas eu fui especialmente insistente com a data, e falei que ela tinha que ir muito bem arrumada. Sim, eu só iria pedir na casa dela, mas queria que ela pensasse que seria no restaurante, pra ter aquela pontinha de decepção que torna a surpresa ainda mais legal. 

Chegou o dia marcado. Me arrumei, todo engomado, e fomos num restaurante italiano no Itaim. Aí voltamos para o começo desse texto: Eu comendo mais devagar do que nunca. Eu marquei a reserva no restaurante para as 20h, e pedi para meus pais levarem as decorações às 21h, pra ter tempo de organizar tudo direitinho. O problema é que, na minha ansiedade no meu ímpeto, nós chegamos UMA HORA ANTES DA RESERVA. Eu comecei a suar frio na hora. Parei, respirei e fui. Fiquei 20 minutos olhando o cardápio... 10 minutos tirando fotos... Quando chegou a citada salada de carpaccio, demorei muito mais tempo que a Dona Moça pra comer. No entanto, por mais que na minha cabeça já fossem 22h, num tinha passado nem uma horinha sequer. Foi o prato principal... A sobremesa... Tudo beeeeeeeeem lentamente...

Até que não dava pra enrolar mais. Só faltava lamber o vidro que veio o tiramisù. Então, paguei a conta e saímos.  No meio do caminho, encontramos uma livraria. GRAÇAS A DEUS! Como somos ambos leitores ávidos, era a melhor desculpa que eu teria para enrolar mais um pouco. Ficamos uns minutos lá, até que chegou uma mensagem do meu pai: "Estamos no cinema". A gente não tinha combinado codinome nenhum, mas eu sabia que poderia ficar tranquilo, pois cinema com certeza significou, naquela hora, casa da Dona Moça. Logo após a chegada da mensagem, pegamos nosso rumo em direção ao pedido de casamento.

A volta foi normal, tranquila. Conversamos, falamos sobre o restaurante e outras amenidades. Nessa conversa, pude perceber que ela estava meio tristinha... Acertei na mosca! Ela caiu direitinho. Depois do pedido de casamento, ela me confessou que tinha ficado um pouco decepcionada por não ter ganho a aliança no restaurante, mas que logo pensou "Bom, não é hoje então". Esse pensamento só durou até chegarmos ao portão da casa dela.

Só durou até chegarmos ao portão da casa dela porque meu pai parou o carro a olhos vistos! O terreno do tamanho do Amazonas e ele parou na frente da casa! No carro, Dona Moça iniciou o seguinte diálogo:

- Nossa, aquele é o carro do seu pai?
- Não, eles estão no cinema... (Mas por que não colocou o carro atrás da casa?)
- Será que minha irmã ainda não foi pra casa dela então?
- Ah, deve ser! (Sério, dá pra colocar 30 carros nesse terreno sem deixar na frente da casa!)
- Ué, por que será que os Rottweilers estão presos? Será que veio visita?
- É, deve ter vindo. (Caramba, mas nem soltaram os cachorros!)

E ficou por isso, até dar de cara com o carro vermelho do meu pai, bem diferente do carro prata da irmã da Dona Moça. E, pra fechar o pacote, estava super nublado e não dava pra ver lua cheia nenhuma. Bom, se já chegamos até aqui, é melhor ir logo com isso. Peguei as alianças, peguei a mão da Dona Moça e puxei pra longe do carro. Ajoelhei (molhando minha calça novinha), e fiz o pedido. Pra dizer bem da verdade, nem lembro o que eu disse. Estava tão acelerado que nada do que disse ficou na minha memória. A primeira palavra que lembro, foi da Dona Moça, e foi "Obrigada". É, ela estava nervosa também!

Bom, de nada! Demos umas risadas depois disso, colocamos as alianças e fomos pra dentro, para encontrar toda a decoração que meus pais e sogros (provavelmente mais minha mãe e sogra) fizeram a meu pedido. E ficou tudo lindo! Sou muito agradecido a eles. 



Por mais que nem tudo tenha saído como planejado, tudo deu certo no final. Não só porque meus pais e sogros me ajudaram ou porque fomos a um bom restaurante. Tudo deu certo porque a intenção que eu tinha em pedir a Dona Moça em casamento era a de construirmos nossa vida juntos dali para frente, e tenho certeza que essa também foi a intenção dela ao aceitar. Claro que temos muito que aprender, e que ainda vamos errar muito, mas se a intenção inicial for mantida (e tenho fé que será), não há motivo para não sermos felizes, apesar de quaisquer tropeços que venham a ocorrer.

1 Amplexo!

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