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Pra quem acredita que a lua-de-mel não acaba quando voltamos da viagem...

sexta-feira, 6 de maio de 2016

Mães e Sogras

Na proximidade que estamos do dia das mães, nada mais justo (e clichê) que falar sobre elas nesse texto.

Desde que eu me entendo por gente, eu brigo com a minha mãe. Céus, como brigamos! Os dois, meio italianos, meio alemães e de pavio curto, as diferenças de opinião são algo constante. Ainda mais com o agravante da minha enorme teimosia, coisas que são razoavelmente pequenas geraram umas boas brigas entre nós. Apesar de todas as brigas, nós temos um bom relacionamento, pois não são somente os sentimentos de discórdia que estão a flor da pele; os de amor também estão. Por mais que possamos degladiar mil vezes num mesmo dia, nós nos resolvemos mil e uma vezes no mesmo dia. 

Para não sair do padrão, no dia que comecei a namorar a Dona Moça, minha mãe estava com vontade de bater boca comigo. Ela não estava exatamente brava... Estava meio chateada, meio preocupada e.... meio brava mesmo! Isso aconteceu porque eu não avisei que não iria para casa cedo, muito menos que ia a um encontro. E, pra piorar, nesse dia tinha sido a festa de aniversário dela, que ficaria mais velha no dia seguinte. Pra pisar na jaca de vez, eu desliguei o celular no encontro pra não ser interrompido e não atendi as 2537 ligações que minha mãe me fez. Resumindo: eu tinha pisado na bola.

Chegando em casa, meu pai estava na sala e minha mãe estava no quarto dela. Avisei meu pai que eu tinha começado a namorar e que ele ia precisar pagar a conta do jantar (eu ainda era universitário, não me julguem!). Ele quis saber com quem, aí eu disse, conversamos um pouco e fim. Conversa de homem, sabe? Dois minutos e fim. Depois, fui enfrentar a fera contar pra minha mãe.  

Entrei no quarto dela e, antes que ela pudesse verbalizar o sentimento que estava escrito em seu rosto, eu disse:

Oi mãe. Tô namorando.

A expressão no rosto dela mudou na hora, configurando-se num confuso porém feliz. Diferentemente da conversa com meu pai, essa durou um tempo razoável. Falei quem era, mostrei foto no Facebook pra ver se ela lembrava da Dona Moça e ficamos conversando um bom tempo falando sobre como tudo aconteceu. 

Depois desse dia, quando Dona Moça foi apresentada à família, minha mãe fez questão de recebê-la muito bem. Que fique claro que todos a receberam bem, mas minha mãe sempre foi mais de receber bem as pessoas. Foi nesse dia que pela primeira vez, pelo menos pra mim, minha mãe se tornou sogra. E devo dizer que é uma sogra bem legal! Gosta de paparicar a nora que é uma beleza!

Não sei bem ao certo como foi que a Dona Moça contou pra família dela que estava namorando. Deve ter sido algo semelhante, mas com menos palavras, afinal eles são bem mais contidos do que a minha família na hora de falar. O que sei bem ao certo foi como aconteceu a minha recepção na casa da Dona Moça. Fui muito bem recebido por todos lá, apesar do meu mau jeito naquele primeiro dia. E, desde o início, minha sogra me recebeu com muito carinho.

Olhando pro nosso relacionamento, vemos o quão sortudos Dona Moça e eu somos de termos sogras tão legais. Eu, particularmente, creio que a lenda ao redor das sogras é um tanto quanto exagerada. Mas, sendo exagero ou não, fico feliz que eu não me encontro entre aqueles para os quais essa lenda se aplica. 

Quando uma mãe se torna sogra, ela sente muito. Muito feliz, muito animada, muito triste, muito preocupada, muito confusa, muito... Sei lá. Deve ser uma mistura muito louca e díspar de sentimentos. Eu sei que minha mãe está feliz que vou casar, mas ela sabe também que vai ficar com saudade. E, quer saber? Eu também sinto a mesma coisa. Deixar de morar com quem se ama e com quem se morou junto por toda a vida é algo difícil.

Meu irmão disse uma vez uma coisa que me pareceu muito real:

A vida é um saco. Nunca está bom. Quando estamos namorando, ficamos com saudade da namorada. Quando casamos, ficamos com saudade dos pais. É um saco.

E gente, deve ser um saco mesmo. Ainda não me casei, e posso falar a maior bobagem do mundo, mas acho que deve ser muito difícil para o casal se acostumar a dividir o tempo entre as famílias. Qual feriado passa aonde, pra casa de quem vamos no fim de semana... Deve ser algo bem complexo de se fazer. Dona Moça e eu conversamos muito sobre isso desde já, sabendo que teremos de buscar um equilíbrio.

Olhando pra essa situação e imaginando a vida de casados, penso em como sou feliz de ter vontade de voltar pra casa dos meus pais. Não me entenda mal. Quero ter minha casa, minhas coisas e tudo mais. Mas não quero deixar de ser próximo à minha família e de aproveitar a companhia de quem amo. O mesmo vale para a Dona Moça.

Feliz mesmo fico quando penso que existem duas boas sogras no meu relacionamento. E duas mãe incríveis também. Que incentivam o nosso relacionamento, nosso crescimento e nossa proximidade. Infelizmente, nem todos os casais tem esse apoio das famílias. Claro, isso não é impeditivo para um relacionamento, mas quando a família está de acordo é bem melhor.

Somos abençoados por termos famílias que estão do nosso lado agora e continuarão depois de casarmos. Sou abençoado por ter uma mãe que procura sempre o melhor pra mim, inclusive procurando ser a melhor sogra de todas. Tenho certeza que a Dona Moça pensa a mesma coisa da mãe dela, mas não há motivos para competição. Eu ganho uma, ela ganha outra.

Eu tenho a melhor mãe do mundo.

Ela tem a melhor sogra do mundo.



Acho que é um bom empate! Embora a Dona Moça queira inverte-lo de vez em quando...

1 Amplexo! E feliz dia das mães! 

2 comentários:

  1. De todos os textos que já li aqui, este sem dúvidas (NA MINHA opinião) , foi o melhor. A cada parágrafo me fez lembrar o qto tb briguei e brigo com minha chuchuzinha. E olha seu irmão está coberto de razão... Espera só qdo vc estiver "longe" dela... Bjuuu e parabéns pelo lindo texto 😄

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  2. Adorei o texto!!! Felicidade a sua Thi de poder descrever com tanto amor o relacionamento com a sogra! Eu não tenho ideia de como é um relacionamento assim! Que vcs possam nutri esse sentimento bom pra sempre!!!! E em relação a saudade de casa quando casamos... Ahhh é um sentimento inevitável!!! Me lembro que quando eu cheguei de lua de mel eu chorei uns 15 dias! Não porque não estava feliz, mas porque nos últimos meses antes do casamento eu e Meus pais vivemos tão intensamente juntos que, essa convivência, me deixava saudosa!! Um pouco sem saber o que fazer, um pouco com medo de não conseguir levar uma casa.... Enfim... Mas tudo nessa vida se encaixa!!!!! E foi essencial vivenciar tudo isso!!!! Fortaleceu tanto meu casamento quanto a relação com Meus pais!!!!
    Thi que vcs sejam megamente felizes e que Deus sempre abençoe o caminho de vcs na nova família que estão formando!!!
    Um beijo!
    Ana Theresa

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